A
verdadeira pregação talvez não seja aquela que encherá os templos e o ego de
líderes religiosos, mas certamente encherá os corações dos salvos em Cristo
Jesus.
A
Igreja de Cristo precisa pregar a Palavra do Senhor. Precisamos banir de nossos
púlpitos pregações que visam simplesmente satisfazer aos ouvintes, pregações
que produzam sentimentos agradáveis, para fazer o ouvinte se sentir bem.
Em
II Timóteo 2:3 fica bem claro o que muito acontece nos dias atuais. Querendo
satisfazer a coceira nos ouvidos se utilizam de recursos impróprios como muitas
anedotas, psicologia, palestras motivacionais, pensamento positivo e sermões
que fortalecem o ego. A correção, instrução e exortação acabam se tornando
inaceitáveis.
O resultado são crentes
imaturos e despreparados para a vida.
Há
uma grande coleção de livros atualmente que “ensinam” como transmitir a
mensagem do Evangelho. Alguns destes especialistas dizem que pastores e líderes
que desejam ser mais bem-sucedidos precisam concentrar suas energias fornecendo
aos não-cristãos um ambiente inofensivo e agradável.
Conceder-lhes
liberdade, tolerância e anonimato. Ser sempre positivo e benevolente. Se for
necessário pregar um sermão, deve-se torná-lo breve e recreativo. Não pregar
longa e nem enfaticamente. E, acima de tudo, todos devem ser entretidos. As
igrejas que seguirem estas regras, dizem eles, experimentarão um crescimento
numérico e as que ignorarem estarão fadadas a estagnação.
Tenho
que concordar que seguindo estas orientações a probabilidade de crescer
numericamente é imensa e ouso dizer quase que há a certeza disto acontecer,
porém crescer numericamente não significa crescer corretamente do ponto de
vista bíblico. Discordo frontalmente quando dizem que não seguindo estas
orientações, as igrejas estão fadadas a estagnação. Esquecem-se talvez, quem na
verdade é o dono da Igreja e que Ele mesmo já nos deixou revelado em Sua Palavra
a forma como devemos transmitir a mensagem do Evangelho. Retirando as antigas
colunas, com certeza, toda a casa ruirá. Creio firmemente que seguindo a
orientação bíblica cresceremos, quem sabe não da forma e no número que muitos
líderes desejam mas, da forma e no número que Deus já determinou que crescêssemos.
O
homem sempre esta desejando criar metodologias próprias e inovadoras, causando conseqüências
desastrosas para a Igreja de Cristo e fazendo com que muitos escolhidos tenham
vidas cristãs medíocres e abaixo do que poderiam estar.
O
crescimento espiritual é pessoal e depende do que a pessoa ouve, vê e aprende
na igreja que congrega. Sendo bem alimentada, ela estará motivada e direcionada
para conhecer mais dos mistérios de Deus e de ter uma comunhão e intimidade com
o Senhor sempre crescente e constante. Sendo mal alimentada, ela se tornará
anêmica, infantil e estacionada no conhecimento básico e inicial de Cristo sem
crescer e amadurecer. Não haverá condições de serviço cristão nem de usar seus
dons espirituais e talentos em prol da edificação da igreja, muito menos das
responsabilidades de ser cristão, já que nem conhecimento destas coisas ela
tem. A igreja nestes casos é uma grande creche com um grande estoque de leite e
fraldas, e somente disto.
Com
relação às inovações que estão sendo tentadas, algumas são extraordinárias, e
até mesmo, radicais. Algumas igrejas, por exemplo, realizam seus maiores cultos
na sexta-feira ou nos sábados à noite, em vez de no domingo. Tais cultos são
repletos de música e entretenimento, oferecendo às pessoas, verdadeiros
substitutos ao teatro e às atividades sociais. Os membros da igreja agora podem
“cumprir sua obrigação de ir à igreja”, ficando livres para usarem o
fim-de-semana como quiserem.
Um
destes freqüentadores de cultos aos sábados explicou por que esses cultos
alternativos são tão importantes: “Se
você vai à EBD às 9:00 horas acaba saindo da igreja perto das 12:00 horas, isso
praticamente liquida o dia”.
A
julgar pela freqüência aos cultos, muitos dos membros de igreja sentem que
passar o Dia do Senhor na igreja equivale a desperdiçar o domingo por completo.
Os cultos não dominicais em algumas igrejas, estão sendo mais freqüentados do
que aqueles que haviam aos domingos.
E
isso não é tudo.
Muitos
destes cultos alternativos não oferecem qualquer tipo de pregação.
Em
lugar disso, dependem da música, dramatização, multimídia e outros meios de
comunicação para transmitir a mensagem. Todas as músicas e apresentações são
cuidadosamente escolhidas e preparadas para que os incrédulos sintam-se bem.
Nada, praticamente é dispensado como impróprio para o culto a Deus: rock
nostálgico, heavy metal, rap, dança, comédia, palhaços, magia teatral, lutas
tipo vale-tudo, tudo se tornou parte do repertório evangélico. Ah, sim ! Estava
me esquecendo a pregação clara e poderosa da Palavra de Deus, esta sim, se
tornou inadequada e antiquada.
Para
que eu possa não ser mal interpretado, não quero afirmar que não há lugar no
culto para apresentações e atividades que citei, porém, nunca podemos esquecer
de que o culto é realizado para Deus e não para as pessoas.
Agradar
a Ele deve ser nosso objetivo além de adorá-lo com o que fizermos. Não podemos
relegar ao esquecimento ou ao desprezo a pregação da Palavra de Deus como é
ensinada na Bíblia através da vida e dos ensinos do próprio Cristo.
Dentre
todas as atividades que possam acontecer em um culto evangélico, a mais
importante é certamente o momento da proclamação da Palavra, pois é através
dela que a fé é comunicada e despertada no ouvinte.
Todos
os exemplos bíblicos de conversões foram ou através de um pregação a grupos de
ouvintes ou através de evangelismo pessoal. Desafio alguém a mostrar
biblicamente exemplos ou algum tipo de ensino sobre conversões através de
músicas, representações teatrais, danças, coreografias, palestras psicológicas motivacionais
ou coisas semelhantes a estas.
Todas
estas atividades devem ser consideradas como parte do culto talvez, mas como
formas de louvar e adorar a Deus, ressaltando que sem este objetivo por parte
de quem as realiza nem para isso servem, mas nunca como formas de alcançar o
perdido ou de produzir algum tipo de crescimento espiritual em membros do corpo
de Cristo.
Enganam-se
tragicamente quem pensa que o convencimento vem primeiramente quando se alcança
as emoções.
A
conversão é um ato pessoal que é consumado através do ouvir a pregação do
Evangelho, do convencimento do Espírito Santo através desta pregação e da
atitude decorrente do homem se prostrando quebrantado aos pés de Cristo alegremente
em uma entrega total ( Romanos 10:17;
João 14: 26; 16:8).
Esta é a regeneração e
a Justificação que são instantâneas e eternas.
É
uma decisão racional primeiramente e então emocional secundariamente.
Do
contrário, teríamos somente conversões emocionais e superficiais pois as
emoções descontroladas impedem o homem de raciocinar sobre o que está fazendo e
ouvindo, isso a Bíblia nos ensina em Jeremias 17: 9,10.
Talvez
por isso, tenhamos tantos “crentes” que no primeiro problema abandonam a fé,
talvez nunca tivessem realmente sido convertidos, apenas se emocionaram com
algo ou acharam agradável uma igreja ou uma programação e talvez também por
isso tenhamos tantas igrejas lotadas de pessoas vazias de Deus.
Quero
me entrincheirar nas Escrituras para explicar minha opinião sobre este assunto.
As
Escrituras dizem que os primeiros cristãos viraram o mundo de cabeça para baixo
(Atos 17:6). Em nossa geração, o mundo está virando a Igreja de cabeça para
baixo. Biblicamente falando, Deus é soberano, não o incrédulo que não freqüenta
a Igreja. A Bíblia, e não o plano de marketing deve ser o único guia e
autoridade final para todo o ministério eclesiástico. Em vez de acalentar o
egoísmo das pessoas, o ministério da Igreja deveria atender às verdadeiras
necessidades delas. O Senhor da igreja é Cristo e não um “zé da poltrona” com
um controle remoto nas mãos ou sentado confortavelmente em um banco ou cadeira
na igreja.
Não consigo ouvir a
expressão “temos que ter uma igreja agradável para todos” sem que isso me traga
a mente a passagem de Atos 5 e a história de Ananias e Safira.
O
que se passou naquela ocasião desafia abertamente quase toda a teoria
contemporânea dos especialistas de crescimento de igreja. A igreja de Jerusalém
não era nem um pouco “agradável”.
Aliás,
era exatamente o oposto: “grande temor a
toda a igreja e a todos os que ouviram a notícia destes acontecimentos”
(Atos 5:11). O culto daquele dia foi tão perturbador, que nenhum dos que não freqüentavam
a igreja ousou juntar-se a eles. O só pensar em freqüentar aquela igreja
aterrorizava o coração daquelas pessoas, apesar de os ter em alto conceito
(Atos 5:13).
Lembre-se
que esta igreja é a mesma de Atos 4, uma igreja nova e cheia de vitalidade.
O
povo estudava intensamente a doutrina dos apóstolos, existia comunhão, oração,
muita fé , amor e a igreja crescia.
Porém,
o inimigo tentou e seduziu Ananias e Safira a ponto de mentirem ao Espírito
Santo. O pecado entrou naquela igreja, e as Escrituras jamais deixam a verdade
de lado, ainda quando esta é dolorosa e desagradável. A igreja não é perfeita,
nunca o foi. Começando com este incidente discorre-se por todo o Novo
Testamento as orientações de Paulo que travava uma guerra implacável contra o
pecado na igreja, chegando algumas vezes a ser duro e incisivo em suas
epístolas aos Coríntios e aos Gálatas.
Deus
sempre foi implacável com o pecado e a pregação evangélica e apostólica deve
ter também este padrão nos dias atuais.
A pregação deve ser ousada e poderosa. Não se envergonhar do Evangelho, embora
haja perseguição. Devemos chamar o pecado de pecado, e não aceitarmos sua
permanência dentro da igreja. Os crentes devem ser levados a entender que o
Evangelho é algo sério para os que o receberam e vital para aqueles que ainda
não tiveram a oportunidade de ouví-lo.
O
ministério da pregação dos apóstolos
incluía doutrina assim como evangelismo. Atos 2:42 declara que os
crentes “se dedicavam ao ensino dos
apóstolos”. Esse rebanho era bem nutrido, mas ao mesmo tempo dinâmico.
Finalizando
este ponto, afirmo sem medo de errar que a Igreja de Jerusalém deve ter sido um
excelente lugar de comunhão. Eles não seguiram qualquer das técnicas de
marketing da atualidade, não buscaram inovações, mas sim, uma comunhão calorosa
e verdadeira. Continuaram seguindo a forma do ministério de Cristo quando aqui
na terra. De forma amorosa, supriam as verdadeiras necessidades uns dos outros.
Eles contavam com o ensino rico e amplo. Havia a pregação apostólica, o partir
do pão e as orações diárias. E interessante, que nada disso foi feito ou
planejado com o intuito de atrair os incrédulos. Mas, mais interessante ainda,
é que novas pessoas continuavam a se converter, e o Senhor continuava
acrescentando à igreja, dia após dia, os que iam sendo salvos (Atos 2:47).
Aprendamos
com as Escrituras.
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