Muito se fala e se escreve acerca de Crescimento de Igreja. Mas será que as Escrituras já não nos revelam como, quando e porque a Igreja cresce?
Qual o Modelo Bíblico de
Crescimento? Vejamos então.
A Palavra de Deus em Atos 9: 31 diz: “A igreja, na verdade, tinha paz por
toda a Judéia, Galiléia, e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do
Senhor, e no conforto do Espírito Santo, crescia em número.”
Havia paz, edificação e ensino (crescimento
qualitativo), temor e evangelização (crescimento quantitativo). Como conseqüência
vinha à igreja o conforto do Espírito Santo.
Certamente, esta sequência não esta por acaso nas
Escrituras. São orientações para como a Igreja deve se portar e agir para
crescer em todos os aspectos. Vamos então analisar cada um destes aspectos
citados no versículo acima:
1. A igreja
tinha paz è Havia paz na época para que a igreja prosseguisse na
sua missão de pregar o Evangelho sem ter grandes obstáculos. Não havia maiores
perseguições, não havia guerra com outros povos, além de que o grande
perseguidor da igreja, Saulo, havia sido confrontado com aquele que perseguia,
resultando na sua conversão. Isto trouxe grande alívio para a igreja primitiva
que desfrutou de um período de paz. Então podemos entender que esta paz
mencionada no versículo trata-se de uma ausência de guerras locais e do tipo de
perseguição que havia dos fariseus e religiosos contra os cristãos, perseguição
esta que causava muitos aprisionamentos, torturas e mortes. Concluímos então
que era uma perseguição com conseqüências físicas aos cristãos e não
simplesmente uma perseguição psicológica ou preconceituosa como vemos hoje,
mesmo ressaltando que este tipo de perseguição acompanhasse a perseguição
física na época. Os cristãos corriam risco de vida, ou melhor, “de morte” por
seguirem e propagarem os ensinos de Cristo e dos apóstolos.
Com a saída do cenário de perseguição de Saulo, agora
Paulo (que só reapareceria no capítulo 11 de Atos), houve paz.
Trazendo para hoje, chegamos à conclusão que a Igreja Evangélica
atual no Brasil possui a paz, que temporariamente a igreja primitiva tinha na
época, para realizar a sua missão hoje. Vivemos em um país onde existe a
liberdade religiosa, ou seja, podemos cultuar a Deus, nos reunirmos em um local
determinado, propagarmos nossas convicções bíblicas a outros, enfim, temos sim
paz para sermos cristãos. Temos claro, sofrido preconceitos e perseguições
camufladas da mídia e da cosmovisão pós-moderna, mas tudo isso não chega nem
perto do tipo de perseguição que a Igreja Primitiva sofria e que temporariamente
não acontecia na época do versículo citado como base para este tópico.
Têm-se paz para agirmos o que então nos falta para
obtermos os mesmos resultados da Igreja Primitiva?
Lamentavelmente, não aprendemos nada ou muito pouco
com os primeiros cristãos. Muitos se orgulham de pertencerem a uma determinada
denominação e outros desprezam outras denominações. Alguns se orgulham de serem
humildes, outros se orgulham de serem orgulhosos. Alguns colecionam diplomas,
outros se sentem felizes por não tê-los e criticam os que têm. Formulam
estatutos, constituições, normas, normas, normas, normas... Perdem tempo
precioso se reunindo para decidirem sobre assuntos periféricos, secundários ou
muitas vezes se reúnem para não decidirem nada, apenas para desfilar com seus
títulos, cargos e funções denominacionais.
Muitos usam o púlpito, salas de EBD ou salas de
seminários para criticar e ser maledicente com outras denominações evangélicas
que comprovadamente são genuínas e apenas discordam de pontos que não são
fundamentais para o Cristianismo. Muitos defendem sua denominação ou “líder”
como se estes estivessem no mesmo nível e até acima da autoridade das
Escrituras.
Temos paz e muitos não se aproveitam dela para pregar
o Evangelho, mas sim para inventar novas metodologias e criar novos modelos
para a Igreja. Outros perdem tempo tentando trazer a Igreja novas visões e
filosofias. Outros ainda se arrogam como “novos teólogos” ou “liberais”
propagando a teologia da dúvida, onde se questiona as colunas basilares da fé
cristã e a exclusiva legitimidade do Cristianismo Bíblico.
Quanta perda de tempo e dinheiro! Quanta falta de sabedoria!
Quanta falta de conhecimento e discernimento bíblicos!
Vale esclarecer que não defendo o ecumenismo ou este
ecletismo tão disseminado em nossos dias por líderes famosos e midiáticos, de
forma alguma. Não concordo com esta onda que surgiu de uns anos para cá levando
várias religiões a terem um relacionamento próximo causando um sentimento de
que não importa a religião, basta crer em Deus. Isto é absurdo porque o único
Deus verdadeiro é o Deus da Bíblia não o do alcorão, do budismo, do
catolicismo, do espiritismo ou outra religião que não seja o Cristianismo Evangélico
Ortodoxo. Em 2 Coríntios 6: 14-18 está escrito: “Não vos ponhais em jugo
desigual com os incrédulos: porquanto que sociedade pode haver entre a justiça
e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia entre
Cristo e o maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre
o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente,
como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles: serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o
Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai e
vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”.
Defendo a unidade do povo de Deus.
Mesmo existindo várias denominações evangélicas não
podemos ser divididos por elas. Visivelmente podemos fazer parte de igrejas
evangélicas diversas, porém espiritualmente somos membros da mesma Igreja,
somos irmãos em Cristo e filhos de Deus. O orgulho denominacional assim como o
desprezo pela Igreja organizada são duas desgraças para a Igreja evangélica
atual. Toda forma de orgulho e soberba, assim como de desprezo aos marcos
antigos fincados a muito sangue e defesa da fé cristã pelos pioneiros e
primeiros cristãos são inconseqüentes e pior, se constituem em pecado, pois
desprezam a sabedoria bíblica.
A grande parte da chamada Igreja Evangélica não cresce
conforme o modelo bíblico da Igreja Primitiva Apostólica, mas sim conforme o
resultado de idéias e concepções extra-bíblicas.
A seara é grande e poucos os ceifeiros. Esta verdade
bíblica devia nos fazer mais comprometidos com a missão que temos a cada dia.
Devia nos despertar para nossa responsabilidade e privilégio. Claro que todos
os salvos serão salvos, Cristo disse que se não falássemos, as pedras falariam.
O que acontece é que perdemos o privilégio de sermos usados em tão grande obra.
Devemos ser encontrados fiéis na volta de Cristo.
Vamos aproveitar cada momento de paz e liberdade que
temos para pregar o Evangelho e então sermos vasos de honra utilizados para a
salvação dos perdidos.
Por amor a Jesus, obedeçamos a grande comissão!
2. Havia Edificação
e Temor a Deus è Estes dois aspectos da igreja primitiva apostólica
citados no versículo tiveram como conseqüência o crescimento da igreja e também deve servir de base de orientação
sobre como agir para termos os mesmos resultados hoje.
Falando um pouco sobre esta edificação, nota-se
claramente que cada crente tinha uma preocupação com o outro, buscando abençoar
e ajudar o(a) irmão(a) em todas as áreas da vida. A própria palavra ou verbo
“edificar” já diz tudo sobre o que acontecia. Edificando ou construindo, os
primeiros cristãos iam crescendo em maturidade e intimidade com Deus e o
princípio de comunidade e solidariedade cada vez mais predominava entre eles.
A edificação visa sempre aprimorar, restaurar e
fortalecer a igreja. Nesta linha de trabalho do Espírito Santo através de e em
cada cristão, a igreja vai crescendo a cada dia em graça e conhecimento de
Cristo. Desta forma, entendemos que este processo passa por várias fases desde a conversão até a
maior maturidade possível. Entre estes dois pontos, o cristão é ensinado,
alimentado pela Palavra de Deus, descobrindo e sendo-lhe revelada a vontade de
Deus para sua vida em particular e para a igreja em geral.
Entendemos então pelo relato destas características da
Igreja Primitiva que, o cristão deve ter como objetivo crescer espiritualmente
e levar seus irmãos também a esse crescimento. O plano de Deus é que todo
cristão cresça e ensine a outros também a crescer. Maduros e preparados então
poderão fazer a obra da evangelização e pregar o Evangelho de tal forma que não
tenham dúvidas ou impedimentos sobre o que estão falando. O apóstolo Paulo diz
que assim responderemos a qualquer pessoa a razão de nossa fé
A base para esta edificação era o próprio Cristo.
Fundamentados em Cristo, construíam uma igreja que cresceu rapidamente no poder
do Espírito.
Isso nos leva a refletir sobre o que hoje se entende
sobre edificação. Será que a chamada Igreja Evangélica atual está se edificando
em Cristo, em amor, será?
O retorno ao exemplo da Igreja Primitiva deve ser
nosso objetivo, pois mesmo com erros, eles buscavam a edificação verdadeira que
não se consegue através de organizações mas sim, quando se está ligado a Cristo
na comunhão do Espírito. É assim que o organismo “igreja” se edifica
mutuamente.
As prioridades expostas e ensinadas nas Escrituras nos
dão o caminho a seguir para obter esta edificação, são elas: conversão genuína,
vida de oração, vida de leitura e estudo da Bíblia individualmente e também
sistematicamente na igreja buscando conhecer mais a Deus e ter um
relacionamento de intimidade com Ele,, descobrimento dos dons espirituais e de
seu uso apropriado no corpo de Cristo buscando sempre se aperfeiçoar, visando a
Glória de Deus e por fim tudo isso feito com amor e por amor a Deus, aos irmãos
que fazem parte da igreja e aos perdidos que caminham para o inferno, buscando
alcançá-los para Cristo.
Um texto que particularmente me chama muito a atenção
sobre este assunto é o de Efésios 4: 7-16. Vemos neste texto qual é a obra que
o Espírito Santo quer realizar na Igreja e através da Igreja. O ministério e a
edificação dos santos são maravilhosos quando se segue a orientação bíblica.
Temos tudo para fazer certo!
®O outro aspecto neste tópico citado
no versículo é o temor a Deus.
Alguns entendem e até ensinam que o temor a Deus
citado nas Escrituras significa “ter medo de Deus” e esse medo então leva as
pessoas a serví-lo. O que os leva a pensar assim é a origem etimológica da
palavra na língua grega. Mas qualquer estudioso da Bíblia sabe que somente a
ferramenta etimológica para interpretação de um texto bíblico não é
aconselhável, pois a probabilidade de erro é imensa devido ao campo semântico
muito abrangente em seus vários sentidos. Devem-se utilizar os princípios de
hermenêutica e exegese para então ter a certeza do sentido do termo na passagem
bíblica. Com absoluta certeza, o sentido de “temor a Deus” nas Escrituras não é
de servir a Deus apavorado com o que Ele poderá fazer conosco ou com outros,
pois a Bíblia não ensina isso, veja o que João diz em I João 4: 16-18. O
apóstolo é enfático em dizer que “aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”.
Servimos a Deus porque o amamos e não porque estamos apavorados com Ele.
O sentido correto para “temor a Deus” é de uma
profunda reverência por Deus, um profundo respeito que levá-nos em tudo que
fazemos, pensamos e falamos buscar agradá-lo fazendo Sua vontade.
O temor a Deus
então levava os primeiros cristãos a terem uma vida que honrasse o nome de
Cristo em todos os aspectos. Erravam sim, pecavam sim, mas buscavam a
perfeição.
Com o passar dos séculos, nós os cristãos deixamos de
nos preocupar em agradar a Deus com nossas atitudes e intenções, não pensamos
muitas vezes qual seria a opinião de Deus sobre determinado assunto ou decisão
que temos que tomar e recorremos a Deus apenas quando as coisas não dão certo.
O temor a Deus muitas vezes não pauta nossas vidas e
procuramos não tocar em áreas de nossa vida que sabemos que estão fora da
vontade de Deus, fingindo que está tudo bem.
Temos que deixar de ter certas atitudes por “temor a
Deus” e temos que ter certas atitudes por “temor a Deus”. Homens e mulheres tementes
a Deus, esta deve ser a realidade da igreja evangélica atual. Pessoas que
tenham coragem para renunciar a valores e atitudes mundanas e se portarem como
cristãos verdadeiros, nascidos do Espírito e que vivem no espírito.
Devemos respeito e reverência total ao nosso Deus, só
Ele é digno de toda honra, glória e louvor!
3. Havia o
conforto do Espírito Santo è Depois dos aspectos já vistos que antecediam o crescimento
só poderia haver este conforto, porque Deus ama seu povo e uma das funções do Espírito Santo na vida do
crente é confortá-lo.
Sabemos e não somos ingênuos por pensar que não havia
problemas na Igreja Primitiva. Todos têm problemas, Cristo disse que teríamos
aflições, porém quando estamos no centro da vontade de Deus, existe o conforto,
o alívio, o consolo do Espírito que nos dá novo ânimo, renova nossas forças
para continuarmos nossa caminhada. Isso acontecia com os primeiros cristãos e
isso proporcionava à igreja novo alento para
realizar, como comissionados de Deus, sua missão.
Aprendemos com este relato que quando estamos servindo
a Deus da forma e na hora correta, Ele nos ajuda, capacita e conforta para
executarmos nosso serviço cristão. Temos que buscar em Deus a orientação para
então realizarmos a obra que é dEle. Sem esta orientação faltará a parte
atuante de Deus e ficaremos insatisfeitos, estressados e sobrecarregados de
atividades que não era para realizarmos ou não era o momento correto para realizá-las.
A falta de
conforto de Deus em ocasiões em nossa vida pode ser de certa forma um sinal de
que não estamos agradando-O com o que estamos fazendo, temos que ter a
sensibilidade e discernimento espiritual para ouvir a voz do Espírito em nosso
coração e então obedecê-la sem pestanejar. Aí haverá conforto.
4. E finalmente
vem a conseqüência de tudo isso, a igreja crescia.
Deus preparou o ambiente, a igreja aproveitou o
ambiente edificando-se e temendo a Deus. Deus confortou Sua igreja, pois faziam
Sua vontade. Vidas então iam sendo salvas pela atuação do Espírito Santo em
cada cristão e através de cada cristão na obra evangelizadora. A igreja crescia!
Aleluia!
Este é o processo para uma igreja crescer dentro da
vontade do Senhor da igreja, esta tudo escrito e só lermos e buscarmos fazer
como e quando Ele quer. Deus é “Emanuel” ou seja, “Deus Conosco”. Quando
fazemos como Nos ensinou nada pode parar a igreja do Senhor.
Para que temos que inventar novos meios para
crescermos, porque não ouvimos a voz de Deus e seguimos sua orientação?
Todos estes aspectos que levaram a igreja primitiva e
apostólica crescer numericamente e qualitativamente são atuais e aplicáveis ao
nosso contexto. Temos um ambiente propício à pregação das boas-novas, temos na
Bíblia toda orientação para edificação e postura para sermos crentes tementes a
Deus com vidas piedosas e temos a promessa de Deus que afirma que nos ajudará,
capacitará, fortalecerá e nos confortará durante todo este processo. O que
estamos esperando para marcharmos? O que nos falta para impactarmos o mundo de
hoje com a mensagem do Evangelho?
Finalizo este postagem afirmando que somente quando
retornarmos ao modelo bíblico de Igreja, nossos resultados serão satisfatórios
aos olhos de Deus. Enquanto continuarmos a planejar fora do plano de Deus, a
inovar o que não é para inovar, priorizar o que não é para priorizar, buscarmos
agradar as pessoas que freqüentam nossos templos ao contrário de agradar o Deus
da igreja, lamentavelmente teremos crentes imaturos e igrejas cheias de pessoas
muitas vezes “vazias” de Deus.
Àquelas igrejas que continuam buscando seguir a
vontade de Deus revelada nas Escrituras peço a Deus que continue a confortá-los
e usá-los de exemplo as outras para que assim possam retornar às Escrituras e
todos juntos agradar ao criador e sustentador de todo o universo.
Ao Senhor da Igreja, suplico que perdoe nossos pecados
e nos ilumine para podermos entender Sua vontade revelada e obrigado por ter
tanta paciência conosco. Somente o Senhor é capaz de tamanha misericórdia e
bondade. Conduza-nos pelo teu infinito amor e justiça, ao Teu plano já
estabelecido e usa-nos conforme Teus propósitos. Amém.
Pr. Prof. Magdiel Anselmo.
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