Trabalharei rapidamente e de forma panorâmica neste texto a pessoa do pastor e seu ministério, abordando a vocação, chamado, missão, manual pastoral e por fim, os falsos pastores que tanto prejudicam o trabalho dos verdadeiros servos de Deus.
1. Breve resumo do Ministério Pastoral
O ministério pastoral tem como incumbência alimentar, proteger
e cuidar do rebanho de Deus administrando, delegando, planejando, organizando,
ensinando, pregando, enfim, pastoreando.
Este crente ou cristão é
chamado, vocacionado, capacitado e respaldado por Deus para esta tarefa árdua que pode se tornar
mais tranquila quando cada crente tem consciência de qual área na Igreja, Deus a
chamou para atuar, usando assim seus
dons espirituais para essa atuação. Quando isso acontece, o pastor pode ficar
supervisionando e delegando os serviços e se concentrando em alimentar o povo
através da pregação e ensino da Palavra de Deus. Mas, a tarefa de levar o povo
a ter esta consciência dos ministérios e dons também é do pastor, portanto todo
início de trabalho pastoral é desgastante. Todavia, se o pastor priorizar este
aspecto e tendo a capacitação do Espírito para levar a cabo, no tempo certo
terá um grupo de crentes na Igreja maduros e prontos para o trabalho,
facilitando e ajudando o trabalho pastoral.
Quero neste
capítulo abordar alguns pontos que são difíceis de entender para alguns, outros
que são essenciais para o ato de pastorear e por fim algumas distorções
existentes.
Respeitando a
seqüência citada, começarei abordando o ponto abaixo:
2. O Chamado e a Vocação
Pastoral:
Ouvi ou li de
alguém uma definição sobre chamado pastoral que achei interessante, é a
seguinte: “Chamado pastoral é um chamado de Deus a alguém que não merece,
para realizar um serviço impossível, em um lugar que não conhece por um tempo
que não sabe”.
Já ouvi de
muitas pessoas o seguinte: “nunca entendi esse negócio de chamado para ser
pastor” ou “todos somos chamados” ou ainda “pra mim essas pessoas que dizem
foram chamadas para ser pastor não querem é trabalhar como todo mundo”.
Entendo que
todas estas pessoas têm suas razões para expor suas opiniões, pois este assunto
é muito complicado para quem não o vive. Exige de quem analisa ter uma vida de
comunhão íntima com Deus e claro que esta pessoa terá que ter um conhecimento
bíblico razoável, pois a comunhão vem de conhecer a Deus a cada dia mais pelo
estudo de Sua revelação escrita, a Bíblia e ainda por uma vida de oração diária
e constante.
Além disso,
compreender sem vivenciar é muito difícil, pois se fica apenas no campo da
teoria e sabemos que saber apenas não convence ninguém. O próprio Cristianismo
vai além do conhecimento teórico de Deus e incentiva um relacionamento muito
próximo entre Divindade e a criatura.
Quando a
Bíblia diz: “quem crer, será salvo” esta afirmando que quem recebe a Cristo,
tem um encontro com Cristo, este será salvo. Podemos tranquilamente trocar o verbo
“crer” pelo verbo “receber”.
Desta forma,
quem entende com certa facilidade este assunto é aquele que vivencia, ou seja,
os próprios chamados.
Mas, mesmo
com toda dificuldade que alguns crentes tem de entender este assunto, uns por
ignorância sobre o assunto, outros por má vontade, outros por pura maldade,
creio que o Espírito Santo pode levar todo crente a compreender este chamado,
pois Ele é Deus. Portanto pode fazer tudo que lhe aprouver. E esta deve ser
nossa oração para que todos entendam o plano de Deus e se esmerem em cumpri-lo.
Bem, a partir
disto, posso afirmar que Deus tem chamado homens de um modo direto e encontramos
na Bíblia vários exemplos como os chamados de: Noé (Gn. 6:13), Abraão ( Gn. 6: 8-12), Moisés (Êx. 3:10),
Isaías ( Is. 6:9), os apóstolos (Mc. 1:17; Mateus 4: 18-22; João 1:35-42),
Paulo (At. 26:19; At. 9: 3-19) entre outros comprovando que Deus chama homens
para exercerem as mais distintas tarefas em Sua obra, e como Ele é soberano em
seus desígnios, não existe um método definido para a chamada divina, mas sim tudo depende desta soberania.
Contudo,
temos que diferenciar o chamado ao ministério pastoral do chamado do crente a
salvação e do chamado que atinge todos os crentes ao serviço cristão de uma
forma geral. Esta chamada especificamente trata-se de uma convocação de homens
selecionados para servir como líderes da Igreja. Os destinatários desse chamado
precisam ter a certeza de que Deus assim os escolhe para liderar.
Esta certeza
vem internamente e posso definir como um profundo desejo de servir a Deus
cuidando de uma parte de Seu rebanho e este desejo cresce a cada dia movendo a
pessoa a este objetivo. Todas as outras coisas se tornam secundárias e a busca
pelo preparo para isso se torna quase que uma “obsessão santa”.
A pessoa não
sente prazer em mais nada que faça a não ser servir a Deus desta forma, então,
o período de preparo para esta obra é para o vocacionado um período de
sofrimento que, necessariamente todos estes tem que passar, para serem ensinados
por Deus para exercer este ministério.
Há
confirmação deste chamado primeiramente é divina e o crente chamado tem firme
convicção dada pelo Espírito Santo disto. Porém, há a necessidade para a Igreja
da confirmação de outros e isso não é problema para quem é chamado, pois este
irá se diferenciar dos demais pelos dons espirituais que recebeu para exercer o
pastorado além de habilidades naturais que o próprio Deus aperfeiçoa neste.
Normalmente
este crente já ocupará postos de liderança mesmo antes da ordenação ao
ministério pastoral e estará envolvido com certeza no ministério da pregação e
ensino da Palavra de Deus, pois este crente já recebeu dons espirituais específicos para o exercício
pastoral e como conseqüência autoridade
espiritual para tal. Podemos dizer que a unção (capacitação espiritual) para exercer o serviço pastoral
já é dada mesmo antes da simbólica "unção litúrgica" que se recebe quando da ordenação pela
Igreja.
Se, todavia
não há indícios destas características espirituais no candidato todo cuidado é
pouco por parte da Igreja, pois pode estar havendo um engano do
candidato ao pastorado e se não houver um criterioso exame de suas aptidões
espirituais para a função, muitos problemas futuros acontecerão, pois o preparo
acadêmico não pode ser a única exigência para ser um pastor, mas sim deve ser
conseqüência do chamado e da vocação deste crente.
O diploma de
teologia não é a marca de um pastor, ele é necessário, e diria essencial, para quem foi chamado
para ser pastor porque estará sendo coerente e levando a sério o serviço a que
foi chamado para executar, mas o fundamental para o pastorado é, acima de tudo
ser chamado e vocacionado por Deus para tal tarefa.
Isso é
determinado externamente pelas aptidões espirituais, ou seja, dons espirituais,
habilidades e autoridade espiritual
dadas por Deus e reconhecidas claramente pela Igreja de Cristo.
Ocorrendo
normalmente este reconhecimento, no tempo certo de Deus este crente estará
exercendo sua função no Corpo de Cristo.
Tenho que
ressaltar, porém, que ninguém é qualificado totalmente para o ministério
pastoral do ponto de vista humano, pois à medida que este crente exerce este
ministério, Deus vai estar o capacitando para este serviço. Deus usa vasos de
barro para Seus propósitos. A confirmação humana mencionada anteriormente tem em
mente as qualidades espirituais da pessoa e não sua capacidade particular com
relação ao serviço específico, por isso a Igreja tem que compreender o que é
chamado pastoral e vocação desta pessoa para tal.
Também devo
ressaltar que não se trata de um chamado a uma profissão, essa idéia não
encontra respaldo na Antiga Aliança muito menos na atual. O ministério
neo-testamentário é um dom e uma vocação de Deus: “E Ele concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para
pastores e mestres” ( Ef. 4:11) . A partir disto, o homem chamado por Deus
deve estar consciente de que do Senhor
vem a recompensa e pelo Senhor ele será julgado. ( 1 Pe. 5:2-4 e I Co.
4:3-5).
Posso definir
então que chamado pastoral é um ato soberano de Deus em selecionar alguns para
pastorear Seu rebanho e vocação pastoral é um desejo profundo, constante e
imenso iniciado por Deus no coração deste crente que o move para buscar este
objetivo com todas suas forças sem motivações externas de quaisquer espécies.
O chamado e
vocacionado por Deus é desprendido de sentimentos gananciosos e materialistas e
acima tudo tem a convicção de que a obra de Deus é o serviço mais importante na
face da terra. Incluo o profundo desejo de obedecer à voz do Bom Pastor na sua
consciência, com a exigência muitas vezes, de sacrifícios e sofrimentos.
Em Filipenses
1:8 diz esse desejo ser a “entranhável afeição de Jesus Cristo”.
Veja algumas
características desta chamada:
a. É divina - Não se trata de uma incumbência dada por convenção,
concílio ou Igreja. Embora que estes possam ser instrumentos "simbólicos" de Deus na chamada
de alguém.
b. É Pessoal - A chamada para a salvação é universal, e a sua
eficácia para todos os eleitos. Já a
chamada para o ministério é pessoal. Deus tem o ministério ou serviço certo
para cada crente, por isso distribui os
dons e talentos conforme lhe aprouver. Como há vários ministérios no Corpo de
Cristo, Deus capacita cada um com ferramentas próprias e específicas para cada
serviço.
c. É Soberana - Por Deus ser Soberano é que o crente quando chamado
aceita com humildade, submissão e obediência esta determinação. Quando o crente
quer ir contra esta determinação se torna insatisfeito, estressado e mecânico
no serviço cristão e sofre a correção de Deus para retornar ou iniciar no lugar
certo, com ferramentas certas e na hora certa, um exemplo claro e clássico
disto é o do profeta Jonas. Mesmo com toda sua teimosia me responda, ele foi ou
não foi pregar em Nínive? Infelizmente alguns crentes são vomitados na praia
para poder entender que Deus é Soberano.
d. É definitiva - A chamada para o ministério
pastoral é também uma chamada para o discipulado porque envolve algumas
condições que são exigidas por Deus ao vocacionado, tais como: não ter
interesse material, prioridade em Deus na sua vida, que renuncie a tudo para
servir a Deus, ou seja, o crente chamado não pode impor condições, pelo
contrário deve seguir algumas condições impostas por Deus e acima de tudo agradecer a Deus o privilégio de ser chamado,
como o fez Paulo em I Timóteo 1:12,13.
e. É uma chamada acompanhada de autoridade - Aqueles que são chamados para o ministério
também são revestidos de autoridade para o desempenho de sua missão. Deus não
apenas delega responsabilidades aos seus servos; concede autoridade para sua
execução. Creio, ainda, que a chave da autoridade do ministro está em saber
usar com reverência e temor, pelo Espírito, o precioso nome do Senhor Jesus.
Seja no ensino, na pregação, no aconselhamento, assim como ao repreender o mal
e corrigir atos pecaminosos.
Concluo
afirmando que a chamada e a vocação pastoral são fatores importantes do plano
de Deus, pois esta é a forma utilizada pelo Senhor para organizar Sua Igreja.
Os dons e ministérios devem ser entendidos por todos os crentes porque esta é a
forma que Deus idealizou para que a Igreja caminhasse aqui na terra.
Como vimos há
três tipos de chamadas fundamentadas na Bíblia: a primeira é para a salvação, a
segunda é para o serviço cristão e a terceira é para ministérios específicos.
Nesta terceira encontra-se a que nós expusemos acima.
3. O Manual Pastoral
Pode parecer
estranho este tópico, pois todos concordam que o manual do pastor é a Bíblia,
mas infelizmente vemos que na prática muitos pastores não utilizam os ricos ensinamentos bíblicos para pautar suas atitudes e as do rebanho que tem a
incumbência de cuidar para o Senhor. Porque digo isto? Porque está acontecendo uma
grande influência nos aconselhamentos e nas pregações de outras formas de
filosofias de vida e ideologias.
O pastor como
vimos foi chamado pessoalmente por Deus para exercer um ministério fundamentado
nos ensinos bíblicos. Os valores e princípios utilizados pelo pastor para sua
vida e para orientação do povo de Deus devem ser exclusivamente bíblicos. A
ortodoxia bíblica é fundamentalmente necessária para a função pastoral.
O crente
chamado para ser pastor não tem o
direito de propagar idéias pessoais sobre qualquer assunto sem ter a convicção
de que esta idéia esteja alinhada com as Escrituras. Ele não foi chamado para
causar polêmicas nem discussões inúteis, Deus deu a ele condições, autoridade, dons e habilidades
para exercer de forma correta o pastorado, não para usar isto com displicência
e sem responsabilidade.
O manual de
regra e prática de todo crente, e muito mais do pastor, é a Bíblia e Ela deve ser
utilizada em todas as situações
pastorais, seja administrativamente, socialmente, particularmente,
liturgicamente, emocionalmente ou espiritualmente. Todas as circunstâncias da
vida encontram na Bíblia princípios e valores a serem aplicados para agirmos segundo a
vontade de Deus.
Todas as
outras ferramentas usadas pelo homem para dar-lhe paz e tranqüilidade são inúteis e superficiais, apenas servem de maquiagem (ou maquilagem), iludem,
pois o homem pelo homem não encontra solução para os problemas e feridas da alma. Só em Jesus ele a
encontrará, e a Palavra de Deus (a Bíblia) tem todas as orientações para a cura
do homem em Jesus. O pastor que se
utiliza das ferramentas humanas para ensinar, consolar, confortar, motivar ou
encorajar o rebanho de Deus a seus cuidados peca contra o Deus que o chamou e
certamente prestará contas disto a Ele.
Creio que
quando se trata de Igreja as soluções humanas são inaceitáveis. A psicologia e
a filosofia só trouxeram para dentro da Igreja confusão e distorção. Os pais
destas ciências sempre foram ateus convictos com aversão pelo Cristianismo e
por Deus. Freud era um insano com idéias subjetivas que se tornaram quase que
leis para explicar o comportamento humano e curar as doenças da alma. Da
psicologia veio a psicanálise, uma
aberração, a meu ver, pois parte de um
pressuposto absurdo que é o seguinte: o homem analisando o comportamento e a
vida de outro homem, pode descobrir o porque de seu temperamento, caráter ou personalidade
bem como seus traumas, complexos ou desvios. Se o homem pudesse
realmente fazer isso, com certeza ele resolveria os seus próprios problemas, mas
o que vemos é que nem os psicanalistas conseguem entender eles próprios e se
arrogam no direito de entender e explicar sobre outros e mais, ainda ganham
para isso. O único que pode entender o
homem em todos os seus aspectos, corpo, alma e espírito é seu Criador, Deus,
qualquer outra tentativa para isso é perda de tempo. Em Jeremias 17: 9 Deus diz
que o coração do homem é enganoso e corrupto e faz uma pergunta: quem o
conhecerá? O próprio Deus responde sua pergunta no v. 10 e diz: “Eu, o Senhor,
esquadrinho o coração e provo os pensamentos...” Só Deus pode compreender e
curar o homem, pois o problema, o mal que assola o homem é o pecado, não idéias
absurdas de Freud, Jung ou filósofos como Nietzche, ou ainda, até outros filósofos e historiadores atuais midiáticos (que estão na moda).
Lamentavelmente
o que vejo hoje são pastores e ministros fazendo aconselhamento pastoral e
utilizando para isso métodos de abordagem da psicologia, encorajando os membros
de suas Igrejas a pensarem positivo e assim por diante, conselhos que não tem
fundamento nem consistência bíblicos.
Desgraçadamente
vejo pastores e pregadores subirem aos púlpitos para propagarem idéias de
auto-ajuda e mensagens motivacionais com
princípios anti-bíblicos e valores humanos para a vida e o pior, usando textos
bíblicos de forma desonesta para
justificar suas posições.
Tristemente
vejo crentes sendo ensinados e até incentivados a buscar ajuda em terapias e
profissionais desta área para resolverem problemas de relacionamentos conjugais,
criação de filhos, depressão, falta de paz, sofrimento, angústias, etc. Outro dia soube pela própria
pessoa, um pastor, que ele próprio precisava de remédios para poder dormir por falta de paz e excesso de ansiedade, e se
aconselhava com um psicólogo para ter condições para pastorear. Ora, isso
realmente é vergonhoso e completamente absurdo, pior do que um ateu, é um pastor sem fé, sem a convicção de que Deus possa lhe ajudar e restaurar.
Isto é a
contramão do Cristianismo, é completamente contrário a tudo que a Bíblia
ensina. E os pastores têm a responsabilidade de ensinar o povo de Deus a buscar
a Deus para ter a orientação do que fazer diante dos problemas e anseios da vida humana.
O problema do
ser humano se chama pecado. O causador deste problema se chama diabo. Todos os demais problemas do homem
decorrem deste problema principal, o pecado. Sem resolver este problema não
adianta tentar resolver os outros, não se chegará a lugar nenhum, ou melhor,
se chegará sim a um lugar, o inferno.
A única
solução para este problema se chama Jesus Cristo. Só Ele pode restaurar o homem
e religá-lo a Deus.
As
ferramentas que o pastor vai utilizar para ensinar esta verdade contida no
manual pastoral que é a Bíblia vão ser os seus dons espirituais, sua autoridade espiritual, a sabedoria de Deus e os seus talentos naturais a serviço
do Reino de Deus. O próprio Deus já capacitou o pastor com tudo que ele precisa
para o bom exercício deste ministério, se utilizar de outras ferramentas não é
aconselhável por não ser uma forma bíblica de agir.
O pastor como
alguém chamado por Deus para cuidar do povo de Deus tem que ter consciência e
convicção disto e ensinar o povo a buscar em Deus direção e orientação para sua
vida. E ponto final.
Lamentavelmente,
tenho que afirmar que este aspecto que irei tratar agora, está cada vez se tornando mais real para a Igreja
de Cristo. Não é de assustar, pois a Bíblia já nos adverte quanto a isso desde
o AT.
Muitas
pessoas atualmente são chamadas de “pastores”, "presbíteros", "líderes", porém nunca foram chamadas por
Deus para o serem. Em meus anos de Igreja já encontrei alguns “profissionais de
púlpito” que se utilizam de seus cargos para angariarem notoriedade e segurança
financeira. Outros se utilizam do cargo
para se aproveitar do rebanho executando em oculto transações comerciais com
dinheiro da Igreja com fins de lucro pessoal e ouso afirmar que alguns são
mesmo enviados de satanás para causarem confusão e escândalo.
Pessoas que
buscam o interesse próprio e o de sua família sem considerar o rebanho e a sua missão como pastor de ovelhas. Certa vez constatei que um destes “falsos pastores” submetia o
rebanho a pagar inclusive vacinas e veterinário de um animal doméstico que lhe pertencia e, além disso se utilizava do trabalho indevido e ilegal de dependentes
químicos em uma casa de recuperação que dirigia, fazendo-os “vender
quinquilharias” nos semáforos e residências (trabalho este não remunerado), para angariar fundos para uso duvidoso de sua
parte.
Estes
profissionais e aproveitadores de rebanhos são na realidade pessoas de má fé,
oportunistas, que se infiltram nas Igrejas demonstrando uma falsa
espiritualidade, ensinando o povo a dar ênfase na busca pela prosperidade
financeira e pressionando e induzindo os crentes a darem tudo ou o máximo que
puderem em dinheiro e bens para a Igreja, pois desta forma serão abençoados por
Deus. Chegam ao cúmulo de arrecadar em suas reuniões duas e até mais vezes, as
ofertas. Fazem isso não visando a benção do povo, mas evidentemente o
enriquecimento próprio e o crescimento numérico de suas congregações, já que
ensinam que “é dando que se recebe”, numa forma completamente equivocada e
desvinculada do ensino bíblico ortodoxo.
Enganam
líderes ingênuos, desatentos ou simplesmente enganam líderes que buscam
inovações sem medir suas conseqüências.
O texto de Colossenses 2:8 diz o seguinte: “Cuidado
que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a
tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo a Cristo...”
. Esta advertência de Paulo aos irmãos Colossenses é bem aplicada nesta
situação.
Porém as Igrejas,
eu ressalto, não devem fechar as portas para estas pessoas, pois Jesus pode
restaurar estas vidas, porém nunca devem ser recebidas e aceitas em cargos de
liderança, muito menos em posições de dirigir e pastorear pontos de pregação,
congregações ou Igrejas locais. Isto seria um perigo e uma irresponsabilidade
enorme de quem está na liderança de qualquer denominação evangélica ou protestante.
Há outro tipo
também de “falso pastor”.
Este segundo
tipo é aquele que não é desonesto como os que mencionei, mas não foi chamado
para este ministério e insiste em permanecer. Isso causa transtornos imensos
para a Igreja, pois por não ser vocacionado para tal função não tem as
ferramentas necessárias para exercê-la e o trabalho se torna infrutífero e sem
objetivo.
Neste pastor
não há o desejo de se aprofundar no estudo da Bíblia e, por conseguinte
alimentar o povo cada vez mais com alimentos nutritivos e necessários.
A
conseqüência disto, são sermões sem conteúdo e sem sentido, normalmente cansativos e repetitivos, demonstrando
nitidamente a falta de preparo e mesmo disposição do pastor em prepará-los.
Ressalto que o pastor não precisa ser necessariamente um pregador eloquente e carismático, porém deve pregar corretamente e aplicar os princípios e valores divinos para a
vida do homem hoje, com responsabilidade e conhecimento bíblico.
Deve
alimentar o rebanho sistematicamente com tudo aquilo que este precisa, que Deus
o dirige a servir. Para isso, o pastor gastará tempo em leitura, meditação e
estudo de sua Bíblia bem como em oração e devoção diária. O aperfeiçoamento e a
busca de maior conhecimento bíblico e geral deve ser uma tarefa constante na
vida do verdadeiro pastor e isso ele faz naturalmente porque o Espírito Santo o leva a amar o
rebanho e ter prazer nisto.
Já o “falso
pastor” não sente prazer nesta tarefa e a considera cansativa e sem muita
utilidade. Defende na maioria das vezes a tese de que “Deus me revelará Sua
vontade” e por isso não se prepara adequadamente para pregar ou ensinar. Sua atuação então se
torna medíocre e certamente todo o rebanho perceberá isso (pelo menos deveria), e não terá a
confiança necessária para respeitá-lo como líder espiritual.
Outra
característica desse “falso pastor” é a falta de amor pelas ovelhas. Ele não foi preparado por Deus para
suportar os problemas e situações que se sucedem no ministério pastoral. Ele
não tem “coração de pastor” e por isso trata as ovelhas a distância e não quer
de forma alguma conhecê-las mais profundamente, porque se fizer isso vai ter
que ajudá-las, entendê-las, aconselhá-las e fazer todo o possível na força de
Cristo para conduzí-las a restauração. Este processo todo para o “falso pastor”
é muito difícil e complicado porque tudo isso depende do amor que ele tem pela
ovelha, e isso infelizmente ele não tem o suficiente. Ele se torna muitas vezes
apenas um administrador de coisas e as pessoas de sua comunidade são deixadas
para elas mesmas se cuidarem.
Conclusão:
Os dois tipos
de “falsos pastores” que mencionei são danosos para a Igreja de Cristo e provocam
um desconforto entre os verdadeiros pastores. Cabe a Igreja de Cristo
identificar esses falsos líderes e adverti-los quanto ao erro que estão
cometendo, bem como os verdadeiros pastores cabe o confronto bíblico com estes
falsos pastores e de forma alguma pode existir o corporativismo nestas
questões. A Verdade Bíblica é absoluta e deve ser comunicada a todos.
Para encerrar, cito o texto abaixo:
Filho do
Homem, profetiza contra os pastores de Israel, profetiza e dize-lhes: Ai dos
pastores de Israel que apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as
ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não
apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curaste, a
quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não
buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por
não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo. As minhas
ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o elevado outeiro; as
minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou
quem as busque. Portanto. ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Tão certo como
Eu vivo, diz o Senhor Deus, visto que as minhas ovelhas foram entregues à
rapina e se tornaram pasto para todas as feras do campo, por não haver pastor,
e que os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si
mesmos e não apascentam as minhas ovelhas. Portanto, ó pastores, ouvi a palavra
do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra os pastores e deles
demandarei as minhas ovelhas, porei termo no seu pastoreio, e não se
apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que
já não lhes sirvam de pasto. Porque assim diz o Senhor: Eis que eu mesmo
procurarei as minhas ovelhas e as buscarei...” Ezequiel 34: 2-11
Que Deus
tenha misericórdia destes “falsos pastores”!
Por fim, espero neste pequeno texto ter tratado de algumas questões relacionadas ao ministério pastoral. Certamente, muito mais existe para escrever.
Entretanto, penso que o texto pode lhe auxiliar, caro leitor, no entendimento acerca da pessoa do pastor e do ministério pastoral.
Entretanto, penso que o texto pode lhe auxiliar, caro leitor, no entendimento acerca da pessoa do pastor e do ministério pastoral.
Abraços e Deus os abençoe.
Pr. Prof. Magdiel Anselmo.
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