Devido
estarmos vivendo uma situação quase que inusitada em nossos dias no que diz
respeito à desvalorização e desconfiança nas instituições e denominações
evangélicas de uma forma geral por parte de grande parte dos então chamados
“crentes”, resolvi pesquisar com mais profundidade esse fato e sobre isso aqui
escrevo.
O
assunto que desejo abordar aqui e que foi alvo de minhas pesquisas é deveras
delicado para muitos irmãos, pois se preocupam em não incomodar ou chatear
aqueles que pensam discordantemente. Mas, da mesma forma que emitem uma opinião
formada a respeito e a declaram abertamente, devemos também expressar nosso
posicionamento diante do quadro que se apresenta, sempre buscando contribuir
para um aperfeiçoamento das concepções existentes e a edificação de nossa
irmandade.
Penso
que a preocupação em não incomodar tem algum sentido mas não pode substituir o
bom argumento. Fazer ou pelo menos tentar levar à reflexão sobre a questão de
forma respeitosa não é prejudicial, entendo que é uma contribuição valiosa para
o crescimento de uma pessoa.
Dito
isso, vamos ao assunto em questão.
Semelhantemente
a média percentual de crescimento dos chamados “crentes sem igreja” (termo não
criado por mim, mas largamente divulgado. Ressalto que o uso desse termo aqui
não é da minha parte nenhuma forma de preconceito ou acusação. Não o utilizo de
forma pejorativa, apenas o replico para melhor entendimento dos leitores),
também cresce o número de crentes que entendem que ter um local de reunião
(templo) e ser membro formal de uma denominação ou organização evangélica é uma
perda de tempo e mais, muitos entendem que isso é errado e se justificam usando
textos bíblicos do início da Igreja Cristã (Igreja Primitiva). Ainda alguns
destes observam que a função ou título de pastor é algo prejudicial à Igreja, e
que somente existem porque homens o criaram com a intenção de enganar e se
aproveitar do povo de Deus.
Acentuam
em seus argumentos que muitas pessoas são feridas e magoadas nas igrejas
evangélicas e seguindo um raciocínio lógico (segundo eles) portanto a Bíblia
ensina que o culto cristão (adoração, louvor, oração, leitura bíblica,
pregação, etc...) podem ser realizados individualmente e em sua própria casa.
Tornando assim uma inutilidade qualquer tipo de organização formal ou implantação
de normas e critérios organizacionais por tais exigidas.
Desta
forma, vemos a existência e o surgimento de movimentos que se originam nesta
linha de raciocínio de questionamentos e que se disseminam rapidamente entre os
que estão sem uma igreja para congregar, seja qual for o motivo para sua saída
ou desligamento.
Antes de
analisar à luz da Palavra de Deus esse pensamento e argumentos, desejo
mencionar mais detalhadamente essas origens de tais movimentos e algumas
conseqüências trazidas a vida das pessoas que os aceitam e decidem viver
segundo esses ensinamentos:
Origens
dos movimentos de “crentes sem igreja”
a)
Líderes que ferem.
Essa é
uma das razões de muitos crentes não pertencerem mais a uma denominação ou
organização evangélica. As feridas causadas por líderes inescrupulosos ou sem a
mínima idéia do que é e do que consiste a liderança cristã. Por isso, afastam
muitos e prejudicam o andamento da obra de Deus. Líderes que se fazem líderes.
Que pensam que liderar é ser “chefe” ou ainda “dono da igreja”. Que para
alcançar os alvos estabelecidos não levam em consideração a vida das pessoas,
ao contrário, se introduzem sem serem convidados, se metem em questões alheias
sem permissão. E mais, nunca entenderam que a liderança ou o pastorado se realiza
de forma servil e não como dominadores do rebanho.
Confundem
serem ministros de Deus com aqueles que mandam, os que ditam as ordens.
Esquecem ou nunca entenderam isso, que mesmo em uma posição de liderança, ouvir
as pessoas e principalmente a Deus são fundamentos essenciais ao obreiro
cristão. Esquecem que todas as decisões e atitudes a tomar devem sempre levar
em consideração a vontade de Deus e consequentemente o crescimento do povo que
ali se congrega.
Não
possuem vocação, discernimento e sabedoria espiritual para liderar. Não
compreendem que liderança não se impõe. Querem chefiar e não abençoar. Esquecem
que todas as metodologias, conceitos, princípios e dons devem estar encharcados
do amor cristão. Que mesmo necessárias, as normas e procedimentos de uma
organização não podem e não devem sobrepujar as orientações bíblicas, muito
menos possuir o mesmo valor e importância. Que mesmo quando precisarem
repreender ou corrigir alguém pela Palavra devem buscar sempre a restauração, a
reconciliação e nunca a expulsão ou acusação.
Como
distinguir ou discernir quais atitudes tomar? Buscando em Deus a direção. Mas,
isso eles não fazem. Dá muito trabalho. Preferem agir por impulso e por
motivações equivocadas. São controlados pelos sentimentos e pelos seus próprios
interesses. Agem pela paixão, pela ambição desmedida e não através da boa
reflexão e meditação bíblicas.
Por isso
causam e produzem feridas profundas na alma das pessoas que confiavam em sua
liderança ou pastorado e ali estavam por amor a Deus e com desejo imenso de
servir a causa de Cristo. Ferem, machucam e afastam da igreja os que ali
congregam.
b)
Igrejas que ferem
Da mesma
forma que líderes podem ferir, grupos (igrejas) também o podem.
Existem
igrejas que possuem tipos de governos eclesiásticos que favorecem o surgimento
de feridas. São aquelas igrejas que privilegiam uns em detrimento de outros.
Que criam classes diferentes e distintas de crentes, como se houvesse uma
gradação ou níveis diferentes de importância e valor das pessoas para Deus na igreja.
Negligenciam o sacerdócio universal dos crentes e o valor de cada membro da
igreja e com isso humilham uns e tornam outros soberbos.
Acabam
por ferir as pessoas fazendo com que pensem que são inferiores e que nunca
chegarão a entender de verdade as coisas de Deus.
Há
também grupos que valorizam demais a democracia na igreja e esquecem que a
forma bíblica de governo é a Teocracia. A democracia deve estar sujeita a
teocracia. Senão a igreja torna-se um grupo governado por normas e
procedimentos muitas vezes desvinculados das Escrituras e por vezes com
diretrizes que possuem o mesmo peso e até mais que a Palavra de Deus.
Isso faz
com que muitos sejam feridos pelo não cumprimento fiel dos Estatutos, das
Normas e Procedimentos criados pela organização e não pela desobediência ou
rebeldia à Palavra de Deus. Ao contrário, se a Palavra fosse aplicada com
fidelidade muitas normas e procedimentos não seriam necessários e seriam
abolidos definitivamente por temor a Deus.
Muitas
exclusões por descumprimento de normas e procedimentos estatutários seriam
substituídas pelo tratamento bíblico das enfermidades espirituais e pela busca
amorosa e dedicada a ovelha perdida.
Mas,
essas igrejas preferem o caminho mais curto e mais rápido. Tratar o doente
espiritual dá muito trabalho, exige dedicação e esforço. É muitas vezes
demorado e cansativo. É imprescindível amor e abnegação pessoal.
É melhor
expulsar o doente do hospital e deixá-lo se tratar sozinho. “Ele que se vire”.
“Um rebelde a menos”, diriam muitos.
Por isso
muitos são feridos quase que mortalmente nessas igrejas e se afastam de “seus
irmãos”.
c)
Problemas de Relacionamentos
Muitas
vezes as razões ou motivos que levaram alguém a se afastar e não mais congregar
em uma igreja evangélica foram os problemas que essas pessoas tiveram com
relação aos relacionamentos interpessoais naquela comunidade cristã.
Pessoas
que não somente na igreja, mas em todos os outros locais que convivem, tem
problemas nessa área. Ainda não conseguiram aprender a conviver em grupo e não
assimilaram as lições que a própria vida lhes proporcionaram.
Talvez
pelo temperamento explosivo e sua incapacidade de perceber quando está sendo
inconveniente, acabam criando polêmicas desnecessárias e contendas inúmeras
(falam muito, sem sabedoria nesse falar e normalmente em momentos errados).
Alguns desejam se sobressair aos demais e também provocam situações de confronto
e conflitos de toda ordem.
Tornam o
ambiente e a sua permanência em um grupo, quase que insuportável para si. Por
fim, quando não conseguem satisfazer seus anseios de centralizar a atenção e
expor suas idéias e não encontram compreensão para suas atitudes impensadas, se
afastam e não mais retornam.
Outros
pela própria imaturidade não conseguem construir relacionamentos sólidos de
amizade e irmandade, pois estes relacionamentos exigem muitas vezes o ouvir e o
respeitar o espaço de outros e isso é muito difícil para estes.
Ainda,
não admitem se submeter a nenhum tipo de autoridade, seja ela familiar,
profissional ou espiritual. Vive com problemas constantes com relação a isso.
E assim,
preferem desistir de congregar e culpam a congregação pela sua incapacidade de
viver em grupo.
d)
Ausência de Conversão Genuína
Muitos
se afastam das igrejas porque nunca fizeram parte dela de verdade. Ali se
encontravam porque de alguma forma, seus anseios e desejos estavam sendo
satisfeitos. Havia algo que os agradava muito e por isso frequentavam aquele
local e participavam da vida daquela comunidade cristã regularmente.
Mas,
quando, por alguma razão, aquilo que os agradava foi modificado para algo que
não os agradava, foi o que bastou para abandonar a igreja e procurar uma outra
que trouxesse a satisfação perdida.
Chamo
isso de “mentalidade de clube”.
Esses
permanecem enquanto nada os incomoda. Se algo incomodou ou mexeu com questões e
assuntos que não desejam que Deus “toque”, são enfáticos em afirmar que não
fazem mais parte daquele grupo. Essa mentalidade tem afastado muitos.
Porém,
nesse caso esses sempre estiveram afastados de Deus, mesmo que participantes ou
membros de uma igreja evangélica.
Não
entenderam o Evangelho de Cristo. Ainda não foram alcançados por ele. Devem ser
alvos de nossa oração, intercessão e evangelismo.
Consequências
dos movimentos de “crentes sem igreja”
1. O
primeiro impacto é a enganosa impressão de independência e liberdade de todo e
qualquer “jugo” denominacional. Não há regras ou normas a se cumprir. Entendem
isso como a verdadeira liberdade que Cristo nos proporciona. Estão livres para
servir a Deus é a frase que mais se ouve entre os “sem igreja”.
Essa
sensação de leveza com o tempo vai sendo minada e substituída pela sensação de
solidão. Mesmo com a disposição e muita disciplina pessoal para realizar um
culto em casa individual ou com algumas pessoas, a ausência da vida em
congregação traz uma saudade e uma nostálgica impressão de isolamento que com o
passar do tempo percebe-se que não é apenas uma impressão mas uma realidade
interna que traz angústia e tristeza.
2. Uma
segunda consequência inicial é de que, como não há a necessidade de retorno a
vida cristã de forma congregacional, não é também necessário se preocupar com o
que foi constatado estar errado na sua vida. Não é preciso conserto algum, pois
tudo era errado e agora tudo está de acordo com as Escrituras, portanto por que
consertar os erros do passado?
Os
problemas de relacionamento ocorridos, a falta de perdão ao próximo e temor a
Deus, a ausência de amor pelos irmãos, o orgulho, a arrogância, a rebeldia,
etc... Não é preciso mais “mexer” nisso. Tudo fica resolvido, somente não indo
mais àquele lugar.
Mas, não
é isso que a Bíblia nos ensina. A reconciliação, restauração, o conserto, são
itens obrigatórios à vida cristã de todo salvo em e por Cristo.
3. Uma
terceira consequência advinda deste pensamento dos “sem igreja” é a de
esfriamento espiritual. Como não há mais o contato semanal com o restante do
rebanho também não há o partilhar de idéias, experiências, bênçãos e
dificuldades. Como não há o congregar, também fica mais difícil usar com
perfeição os dons e talentos doados por Deus como: ensinar, exortar, servir,
etc... Como não há mais a necessidade de estar juntos, também não há mais a
refeição congregacional na forma de pregação e ensino sistemáticos da Palavra.
Mesmo
com toda disposição em buscar isso de outras formas (DVDs, CDs, programas de TV
ou literatura), não são a mesma coisa. Vemos essa busca claramente no âmbito da
internet com o surgimento e o crescimento das redes sociais cristãs, onde as
pessoas buscam interagir com outros irmãos incessantemente. Mas, com o tempo
chegam a conclusão que falta o contato humano, falta o calor humano, falta o
calor do rebanho. A consequência natural com o tempo é de esfriamento
espiritual, e depois, muitas vezes a queda.
4. Outra
consequência marcante para os “sem igreja” é a perda da benção de Deus que se
manifesta na participação no culto e na vida da comunidade cristã. Quem não
reconhece que nos momentos em que a congregação está adorando e louvando a Deus
existe um ambiente todo especial proporcionado pelo Espírito? Quem não
reconhece que no ensino (EBD, estudos bíblicos...) existe um mover de Deus
singular? Quem não reconhece e admite que a pregação da Palavra em forma de
sermão pregado a congregação não traz um ingrediente a mais em nossa vida?
Quem não
reconhecer e admitir isso, talvez nunca tenha realmente participado
integralmente da vida em congregação ou em uma comunidade cristã. Mas creio que
a grande maioria entende o que estou dizendo.
5. Outra
consequência é construir um argumento baseado na idéia de que toda forma que a
Igreja buscou para melhorar a praticidade de suas reuniões (cultos) e acomodar
melhor sua congregação é errada. Toda forma de templo é prejudicial. A forma
correta são casas ou ainda praças, no monte ou na rua.
Isso é
uma bobagem sem tamanho. Os templos ou salões usados para realização dos cultos
cristãos são simplesmente uma forma prática e objetiva de acomodar a quantidade
de pessoas em um só local. Ali é preparada toda uma estrutura para que as
pessoas possam aprender e ensinar. Não há nada de prejudicial nisso, diria que
é uma metodologia inteligente.
Nada
contra cultuar a Deus em casa, em praças, nas ruas, em montes, etc... Eu diria
que uma coisa complementa a outra, ou seja, não são excludentes.
Há
outras consequências que podemos perceber claramente na vida dos que pertencem
a esses movimentos dos “sem igreja”, mas, penso no momento, ser o bastante.
É comum
conversar com pessoas que me confidenciam essas consequências em suas vidas, originadas
da aceitação de que se pode viver bem e em paz com Deus longe da vida em
congregação com seus irmãos. Que se pode cultuar e servir a Deus de forma
isolada e sem o partilhar regular com um grupo de crentes. Ledo engano.
Descobriram
o equívoco e hoje buscam não cometê-lo mais.
Análise
da questão à Luz da Palavra de Deus
1.
Ajuntamento vs. Isolamento
Seguindo
o que nos revelam as Escrituras vemos que Deus desde a criação se preocupou em
nos mostrar que o isolamento não é sua vontade para a humanidade. Quando criou
o homem (Adão) e tudo ao seu redor, viu que não era bom que permanecesse só
(Gen. 2:18), e então criou a mulher (Eva). A ordem para multiplicar não foi
simplesmente para crescer quantitativamente mas um crescimento dirigido para a
vivência em comunidades, em grupos. E historicamente observamos que os povos
assim o fizeram.
Quando
vemos Deus fazer a promessa a Abraão de fazer dele uma grande nação (Gen. 12:
1-3), e da escolha de Deus por um povo específico como sendo o Seu povo,
encontramos mais uma vez a indicação de que a vontade de Deus é desse povo
estar em unidade, ou seja, juntos.
Observamos
em todo o AT essa orientação divina sempre ajuntando o povo, sempre reunindo a
nação, e não encontramos nenhuma orientação de Deus para que pessoas isoladamente
e a só representassem nisso o propósito e o objetivo de Deus para Seu povo.
Desde os
primórdios da criação, passando pela libertação do jugo egípcio e babilônico,
da época dos reis e juízes e por fim, da narrativa bíblica acerca dos profetas,
não encontramos a orientação para nos isolarmos ou cultuarmos a Deus somente
individualmente, do contrário, há uma enorme quantidade de orientações e
exemplos de culto a Deus coletivo, como povo, como nação.
Quando
então adentramos o terreno do NT, observamos que essa indicação torna-se muito
mais concreta e objetiva em Cristo e após com seus discípulos. Os termos agora
usados para o povo de Deus tornam-se muito mais íntimos e fraternos.
Destacam-se os termos: família de Deus, Corpo de Cristo, Assembléia dos santos,
e outros (Gál. 6:10; 1 Cor. 12: 27; Col. 1: 19), mostrando claramente o
princípio de “estar juntos”, de congregação, de comunidade cristã, de
fraternidade cristã.
Ao
examinarmos o livro de Atos percebemos que ali se inicia o período da Igreja
sendo organizada, e nas cartas do NT vemos a expansão e fundação de novas
igrejas, fruto do trabalho missionário, principalmente de Paulo.
A
história da Igreja mostra que os irmãos iniciaram suas reuniões (cultos) nas
casas, praças e no pátio do templo judaico. Com a perseguição, tiveram que se
esconder e se reunir nos cemitérios subterrâneos e em locais ermos. Com o
tempo, passaram a construir locais para culto, os então chamados templos
cristãos, que foram aperfeiçoados e melhor estruturados para receber os crentes
para o culto de adoração a Deus.
Sempre a
idéia e a indicação de ajuntamento, de grupo, permeiam toda essa trajetória.
Por quê?
Porque a vontade de Deus é que haja um partilhar de vidas entre seu povo (Atos
2: 42-46), na Sua Igreja. Deus deseja seus filhos juntos, unidos e partilhando
de suas experiências, dificuldades, problemas, bênçãos e suas virtudes. Deus
deseja através dessa união, a edificação dos seus, e o crescimento da Igreja.
Para tanto, é necessária a vida em comunidade. É necessário o contato humano, o
calor humano. É desta forma que os dons são utilizados para a edificação do
Corpo e que os crentes são aperfeiçoados em Cristo (1 Cor. 12; Ef. 4:1-16).
A
vontade de DEUS é que vivamos como família e não como eremitas espirituais.
2. Templos:
Idéia Humana ou Criação Divina
Paralelamente
a idéia de ajuntamento que já abordei anteriormente, vê-se também a idéia de um
local para agregar as pessoas que irão cultuar a Deus.
Basta
uma leitura atenta da Bíblia para perceber que desde o AT, Deus mostra que não
é contrário a existência de um local para seu culto. Local esse que possa
reunir um número muito maior do que poderia se conseguir em um culto em uma
casa comum ou em um local não construído ou preparado para tal.
Mesmo
quando o povo estava peregrinando pelo deserto, Deus instituiu e orientou a
construção de um local provisório (pois era erguido somente quando paravam a
caminhada), chamado de Tabernáculo, onde aconteciam as cerimônias concernentes
ao culto na época (Êx. 26:30; 40:2).
Quando o
povo de Deus se estabeleceu e cresceu, Deus não rejeitou a idéia da construção
de um templo, ao contrário incentivou e orientou em todos os detalhes para a
concretização do projeto, visualizado por Davi, mas consumado por Salomão (1
Reis 6-8).
E o
templo foi no AT utilizado em todos os momentos de culto sob a orientação
direta de Deus, com orientação clara aos sacerdotes e aos que o usavam
regularmente.
A
História da Igreja mostra que com a organização e crescimento desta, foram
construídos templos e locais de culto seguindo o princípio largamente usado no
AT: um local onde se centralizava (mas não se esgotava, pois sabemos que a
adoração não se limita ao templo, mas segue constante e individualmente (João
4: 23,24)) o culto a Deus por seus seguidores, por seus filhos.
Hoje,
isso ainda é tremendamente importante, pois, além do culto individual, todo
cristão deve ter um local onde de forma congregacional adora, louva e serve ao
seu Senhor, e se reúne com seus irmãos (Hebr. 10:25).
Não
sacralizamos o templo, mas o consideramos importante para a vida da Igreja.
Vemos
então que a idéia de templos não é humana. É uma criação do Deus da Igreja.
3. Os
Líderes (o pastor) segundo a Bíblia
Aqui nos
detemos principalmente no NT.
Mesmo
com todas as orientações e exemplos de pessoas que Deus escolheu para liderar
Seu povo no AT, é no NT que encontramos maior respaldo e fundamento para a
liderança cristã.
Nesse
contexto, encontramos os dons espirituais. Veja que há dons espirituais
específicos para liderança nas listas que a Bíblia nos revela. Os principais
são: apóstolo, profeta, pastor, mestre e evangelista (Ef. 4:11).
Restringindo-nos ao dom de pastor especificamente, descobrimos então que
biblicamente pastor não é título ou cargo, é um dom espiritual dado a certos
crentes para poderem exercer a função (o ministério, o serviço) de apascentar,
pastorear o povo de Deus.
Na
narrativa bíblia e na história da Igreja foi também usado o termo presbítero
para se referir à pessoa com dom para pastorear, para liderar um grupo de
crentes.
Desta
forma, a Igreja respeitando essa orientação e indicação bíblica, separa essa
pessoa e a delega autoridade para liderar. Por isso deve ser respeitada, não
por ser melhor que outros irmãos, mas sim pela missão que a ela é delegada por
Deus (Hebr. 13: 7, 17)
Os maus
exemplos não devem ser usados para generalizar de forma pejorativa os que
permanecem fiéis a Deus em seus ministérios. Do contrário, os fiéis devem ser
dignos de duplicata honra (1 Tm. 5:17; 1 Tess. 5: 12,13).
Considerações
Finais
Claro
que não esgotei o assunto, mas diante do exposto, penso que a Igreja Cristã
deve buscar uma reforma urgente que inclua principalmente os seguintes
aspectos:
1.
Efetuar uma autoanálise honesta na sua forma de administrar (governo) uma
comunidade cristã e na sua metodologia preparatória (preparo, formação e
capacitação) para os novos obreiros.
Para
tanto um retorno a currículos exclusivamente bíblicos e com disciplinas
extremamente fiéis as Escrituras e pertinentes ao trabalho de liderança
pastoral nos Seminários e Faculdades Teológicas deve ser prioritário. Isso
aliado a uma organização que considera atentamente a maneira bíblica de governo
e administração eclesiástica fundamentadas nos princípios e valores de Deus já
revelados, sem ceder a pressões antropocêntricas e desvinculadas dos ideais do
Evangelho de Cristo são muito relevantes nesse processo de reforma.
2.
Reconhecer que vivemos a realidade de um fato histórico importante que são “os
movimentos de crentes sem igreja” e buscar biblicamente formas de alcançá-los e
trazê-los novamente ao convívio dos seus irmãos, sem contudo, acusá-los ou
condená-los. Não deve existir o confronto inútil do debate de acusações ou as
pressões e imposições que somente contribuem para o acirramento dos ânimos e a
afloramento da revolta.
Deve
existir a comunicação concreta do amor cristão expresso em forma de compreensão
e auxílio, mesmo que a princípio, isso não surta o efeito desejado. Sempre a restauração
e a reconciliação devem ser o alvo. É uma pessoa, um irmão que ali está. E deve
ser amado e respeitado, mesmo que entendamos que corre sério perigo estando
distante dos demais.
3.
Retornar a fidelidade doutrinária, ao amor a Palavra e aos bons costumes. Isso
significa voltar a ter uma postura de busca pela profundidade bíblica e pela
boa tradição, aplicando-a aos processos e questões da vida da Igreja e ao nosso
dia-a-dia. Ouvir o clamor dos que sempre compreendem a Igreja como sendo aquilo
que Deus a instituiu, ou seja, a Embaixadora de Cristo, seria muito importante
e essencial a todos nós que fazemos parte dessa Igreja hoje.
Louvado
seja Deus, o Senhor da Igreja.
Pr.
Prof. Magdiel G Anselmo.
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