"A contribuição
no Reino de Deus deve ser a mais profunda expressão de amor e gratidão do filho
ao Pai por tudo que Ele faz e por tudo que Ele é e não uma obrigação ou
prestação mensal a pagar."
1. A QUESTÃO DO DÍZIMO
NO NOVO TESTAMENTO
Muitos líderes diriam
que não é aconselhável escrever sobre esse assunto, pois muitos não entenderão
o propósito ou a questão em si. Entretanto, meu compromisso é com a verdade
bíblica e todos os desígnios de Deus devem ser propagados e ensinados. Outros, pensam
que escrever sobre esse tema trará prejuízos na arrecadação de suas
congregações, pois as pessoas ficariam confusas. Não creio nisso! O bom ensino
sempre trará clareza e despertará a reflexão mais profunda. Penso que menos
emoção e mais reflexão bíblica é o que precisamos no atual contexto do
evangelicalismo em nosso país. Sendo assim, vamos ao assunto em questão.
– Ai de vós, escribas
e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e
desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé;
deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. – (Mateus 23:23)
– Jejuo duas vezes na
semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. – (Lucas 18:12)
– 1 Porque este
Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao
encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; 2 A
quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação,
rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; 3 Sem pai, sem
mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo
feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. 4
Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os
dízimos dos despojos. 5 E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio
têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos,
ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. 6 Mas aquele, cuja genealogia não
é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as
promessas. 7 Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. 8 E
aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se
testifica que vive. 9 E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que
recebe dízimos, pagou dízimos. 10 Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai
quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro. – (Hebreus 7:1-10)
-- Observe que o
dízimo está claramente revelado no Novo Testamento como um costume hebraico
(judaico) assim como a circuncisão, a guarda do sábado e tantos outros que
ainda hoje são exigidos na religião e tradição judaica. Como vê nos textos
acima, não há nenhum ensino, ordem, mandamento direto ou indireto, explícito ou
implícito para que a Igreja prosseguisse com esse costume. O que fazer então
neste caso?
A partir dessas minhas
observações, poderiam questionar: "Então não precisamos contribuir mais?
Deus aboliu a contribuição na Igreja? Respondo: "Claro que precisamos
contribuir e o Novo Testamento nos ensina como, por quê e para quê. Ora, já que
se entende que o dízimo não está como uma norma para o NT (texto normativo do
AT), e entendendo a relevância do AT para a correta interpretação e
entendimento do texto neo-testamentário, devemos então extrair o princípio
bíblico do AT com relação a contribuição, ou seja, interpretamos que, assim
como no AT, todos os que servem e temem a Deus, chamados a partir do NT de
cristãos, devem contribuir com seus bens, posses (e dinheiro) para o
prosseguimento da obra de Deus nesta terra. Assim como os dízimos e ofertas
eram usados no AT com fins de manutenção do templo e do ministério sacerdotal,
no NT, as contribuições dos cristãos devem ser usadas para a manutenção,
aperfeiçoamento e progresso da obra de Deus. Percebe-se então que à medida que
analisamos a questão, vamos chegando à conclusão que no Novo Testamento existe
um ensino muito mais profundo sobre a contribuição.
parênteses: "não quero aqui
afirmar que as pessoas que dizimam atualmente estão cometendo um pecado. Deus conhece
os corações das pessoas e sabe quais são suas intenções e propósitos. O que
estou afirmando é que o ensino neo-testamentário é muito mais profundo que
simplesmente dar ou pagar um percentual mensal na igreja." --
Calma dizimista! Não
ceda à tentação de parar de ler... mesmo indignado com o que leu prossiga, pois
exponho mais profundamente o ensino neo-testamentário sobre as contribuições na
Igreja a seguir.
Vejamos então...
2. CONTRIBUIÇÕES:
OFERTAS E DOAÇÕES
– Cada um contribua
segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade;
porque Deus ama ao que dá com alegria. – (2 Coríntios 9:7).
– Porque, segundo o
seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram
voluntariamente. – (2 Coríntios 8:3).
– 1 Ora, quanto à coleta
que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da
Galácia. 2 No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que
puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as
coletas quando eu chegar. – (1 Coríntios 16:1-2)
-- Em nosso texto, o
apóstolo Paulo dá direções à igreja de Corinto: é em proporção ao quanto [cada
um] tem prosperado que eles devem dar na coleta para os santos em Jerusalém,
[os quais estão] em grande pobreza [e passando por enormes aflições]. Observe
que não existe nenhuma menção dos santos em Corinto darem um dízimo [ou
qualquer outra percentagem imposta], eles são instruídos a darem
proporcionalmente à sua prosperidade. O ponto em foco é simples aqueles com
mais dinheiro deem mais, aqueles com menos dinheiro, podem dar menos. --
– ... 29 E os
discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro
aos irmãos que habitavam na Judéia. ... – (Atos 11:27-30)
-- Note, na narrativa,
que foi proporcionalmente aos seus meios que os irmãos em
Antioquia ofertaram
para os irmãos que sofriam na Judéia. Em outras palavras, deram de acordo com
suas capacidades. Aqueles com mais dinheiro deram mais, aqueles com menos
dinheiro deram menos. Nada mais claro nem mais simples. --
– Cada um contribua
segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque
Deus ama ao que dá com alegria. – (2 Coríntios 9:7)
-- Aqui, Paulo dá
direções à igreja, para que deem aquilo que têm proposto em seus corações. Note
que o apóstolo não lhes diz quanto dar, nem lhes impõe uma percentagem fixa
como padrão. Ele simplesmente lhes diz que, o que quer que tenham decidido
ofertar, devem ir em frente e efetivarem esse ofertar. Muitas vezes, no
instante em que vemos uma necessidade, determinamo-nos a dar uma certa quantia,
mas depois, quando o tempo de dar nos alcança, somos tentados a voltar atrás ou
ficar aquém. Paulo ensina que devemos ser fiéis em fazer o bem segundo o que já
tínhamos proposto em nosso coração. Mas note igualmente que o apóstolo Paulo
deixa o valor a critério dos Coríntios. Não devemos permitir que outras
pessoas, indevidamente nos manipulem ou nos intimidem psicologicamente ou de
qualquer outra forma, levando-nos a dar por um sentimento de culpa ou de
pressão. Não deve haver nenhuma compulsão externa em nosso dar; o valor tem que
ser nossa própria decisão.
Estes textos do Novo
Testamento nos ensinam que Deus deixa a nós o decidirmos sobre o valor das
nossas contribuições. Sim, devemos dar em proporção aos nossos meios e a como
Deus nos tem prosperado; ... mas, ao final, somos livres para darmos aquilo que
temos o desejo de dar. Quão libertador, isto é, quando consideramos as táticas
manipulativas de arrancar dinheiro que muitas igrejas de hoje tão
frequentemente usam. Muitos irresponsáveis pressionam o povo, e se não derem o
estipulado, a obra de Deus fracassará. Os membros da congregação são
pressionados a escrever e telefonar para parentes, pedindo dinheiro. Há
campanhas pressionando para promessas [assinaturas de carnês, notas
promissórias e outros documentos morais e legais] e para o fundo de construção,
com grandes gráficos coloridos. À medida que o tempo passa, todos são
pressionados a dar mais e mais. Permita-me submeter-lhe que tudo isto corre em
direção contrária aos ensinos do Apóstolo em 2Co 9:7. A vontade de Deus é que,
quando vemos uma necessidade, oremos fervorosamente por direção sobre como
podemos satisfazer aquela necessidade. Então, com base na nossa situação
financeira, ofertamos com um coração prazeroso e alegre. --
3. O PROPÓSITO DAS
CONTRIBUIÇÕES
A quais tipos de
necessidades devemos usar nosso dinheiro para satisfazer? Será que o Novo
Testamento nos dá alguma luz sobre este importante assunto? Creio que as
Escrituras são muito claras nesta área. O Novo Testamento ensina que há três
propósitos para nosso ofertar:
A. Satisfazer as
necessidades dos santos:
– 44 E todos os que
criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45 E vendiam suas propriedades e
bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. – (Atos 2:44-45)
-- O espírito de amor
e generosidade era tão grande, na igreja primitiva, que os crentes, de própria
vontade e alegremente, renunciaram a suas próprias propriedades e possessões,
para ministrarem às necessidades dos outros santos. Eles chegaram mesmo a ponto
de vender suas terras e casas para tomarem conta um do outro (Atos 4:34). –
– Quem, pois, tiver
bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas,
como estará nele o amor de Deus? – (1 João 3:17)
– 9 E não nos cansemos
de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10
Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos
domésticos da fé. – (Gálatas 6:9-10)
-- Embora o "façamos
bem" não seja claramente definido, seguramente incluiria o ofertar para
satisfazer as necessidades dos domésticos da fé. --
B. Satisfazer as
necessidades dos obreiros cristãos:
Além de usarmos nosso
dinheiro para satisfazer as necessidades dos nossos irmãos e irmãs em Cristo,
as Escrituras também nos levam a usar nosso dinheiro para sustentar os que
trabalham na obra do Senhor. Consideremos as seguintes passagens:
– 17 Os presbíteros
que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente
os que trabalham na palavra e na doutrina; 18 Porque diz a Escritura: Não
ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário. – (1 Timóteo 5:17-18)
-- Neste texto,
"honra" tem que significar mais que meras estima e respeito, pois, no
verso 3 do mesmo capítulo, Paulo manda a Timóteo "Honra as viúvas que
verdadeiramente são viúvas." Honrar estas viúvas é prover para elas (v. 8)
e assisti-las (v. 16). Portanto, quando Paulo menciona "honrar" os
anciãos que trabalham duramente na pregação e ensino [da Palavra],
imediatamente depois que ele mencionou honrar as viúvas, Paulo tem que ter a
mesma coisa em mente -- prover e assistir aos anciãos financeiramente, de modo
que possam se dedicar ao trabalho de labutarem na Palavra. Ancião era um termo
usado na época não para designar pessoas de idade avançada, mas para aqueles
que tinham uma posição perante a congregação de responsabilidade e de
autoridade de pregar e ensinar a Palavra de Deus. Um ancião ensinador é como um
boi que deve ser permitido comer enquanto está debulhando. Em outras palavras,
deve ser sustentado e cuidado enquanto está trabalhando com todo esforço. Ele
também é como um operário, o qual é digno de seu salário. A uniforme prática
apostólica do Novo Testamento foi a de apontar anciãos (pastores) para
superintenderem as igrejas que os apóstolos plantavam. Paulo simplesmente está
dirigindo as igrejas a proverem e assistirem financeiramente estes obreiros, de
modo que possam dar seu tempo à tarefa de ministrarem ao rebanho. --
– 6 Ou só eu e Barnabé
não temos direito de deixar de trabalhar? 7 Quem jamais milita à sua própria
custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e
não se alimenta do leite do gado? 8 Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz
a lei também o mesmo? 9 Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca
ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? 10 Ou não o diz
certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra
deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser
participante. 11 Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de
vós recolhamos as carnais? 12 Se outros participam deste poder sobre vós, por
que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes
suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. 13
Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo?
E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? 14 Assim
ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. – (1 Coríntios 9:6-14)
-- Nesta passagem
Paulo está clamando que os apóstolos tinham todo o direito de abster-se de
[viverem de] trabalhos seculares e todo o direito de receberem o sustento material
daqueles a quem serviam. De fato, Paulo assevera que o Senhor mandou àqueles
que proclamam o Evangelho que obtenham seu viver do Evangelho. --
– 15 E bem sabeis
também, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da
Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber,
senão vós somente; 16 Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a
Tessalônica. 17 Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a
vossa conta. 18 Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou,
depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como
cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus. –
(Filipenses 4:15-18)
-- Neste texto o
apóstolo declara expressamente que a dádiva (ofertas) que os filipenses lhe
haviam enviado foi um fragrante aroma, um sacrifício aceitável, e foi agradável
a Deus. O próprio Deus nos tem dado sua aprovação para usarmos nosso dinheiro
para sustento de fiéis obreiros cristãos. Portanto, é importante que o povo de
Deus utilize seus recursos financeiros para sustentar obreiros cristãos, quer
sejam pastores de uma igreja local, ou evangelistas itinerantes, ou ainda,
missionários. --
C. Satisfazer as
necessidades dos pobres:
Em adição ao uso do
nosso dinheiro para satisfazer às necessidades dos santos e dos obreiros
cristãos, as Escrituras também nos mandam usar nosso dinheiro na satisfação das
necessidades dos pobres. Considere os seguintes textos:
– 33 Vendei o que
tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos
céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. 34 Porque, onde
estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. – (Lucas
12:33-34)
– Aquele que furtava,
não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha
o que repartir com o que tiver necessidade. – (Efésios 4:28)
Aqui a pessoa que
sofre a necessidade não é identificada como crente, mas presumivelmente pode ser
qualquer um padecendo privação.
– A religião pura e
imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. – (Tiago 1:27)
-- Visitar órfãos e
viúvas em suas necessidades tem que significar mais que fazer-lhes uma mera
visitinha social. Está implícita na declaração, a ideia de ajudar estes órfãos
e viúvas, o que, sem dúvidas, requereria ofertar sacrificialmente. Como temos
visto, podemos desta maneira sumariar o ensino do Novo Testamento sobre o
propósito do ofertar:
[A] satisfazer as
necessidades dos santos,
[B] satisfazer as
necessidades dos obreiros cristãos,
[C] satisfazer as
necessidades dos pobres.
Note que o ofertar
(contribuir), no Novo Testamento, é sempre para satisfazer as necessidades das
pessoas. É interessante que não há nenhuma orientação bíblica para que a maior
parte do dinheiro seja usada para construção, obtenção ou reforma dos prédios
da igreja! A Bíblia simplesmente não fala de nenhuma igreja entrando em débito
para comprar ou construir caros prédios, pela simples razão de que a igreja
primitiva não se reunia em prédios especiais. Eles se reuniam em casas. Assim,
não havia despesa "não estrita e diretamente com o Evangelho e com
pessoas" tal despesa, só faria drenar a energia e as finanças da igreja.
Desta maneira, todas as ofertas do povo de Deus podiam ir diretamente para
satisfazer as necessidades de pessoas. Parênteses: "Não
sou contra as igrejas possuírem prédios e estrutura física para receber as
pessoas. Entretanto, a maior parte do dinheiro não DEVE ser usada para isso e
quando for usada deve-se ter critérios bem claros e bíblicos. É preferível se
reunir em uma tenda e priorizar as pessoas que ali se reúnem, do que se reunir
em templos grandiosos sem cuidar da gente que ali vai. As pessoas são MUITO
MAIS IMPORTANTES do que coisas. --
4. O MODO DE
CONTRIBUIR
Além de nos iluminar
sobre o valor total e sobre o propósito do nosso ofertar, as Escrituras nos
ensinam diversos modos sobre como devemos contribuir.
A. Devemos ofertar
anonimamente:
– Guardai-vos de
fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás,
não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. 2 Quando, pois,
deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens.
Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando tu deres
esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; 4 Para que
a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te
recompensará publicamente.– (Mateus 6:1-4)
-- Jesus nos ensina a
ofertar em segredo, para que aquele que vê em segredo nos recompense. Este tipo
de ofertar é preferível pois protege o ofertante de orgulho espiritual. Quando
você quiser dar uma oferta a alguém ou a igreja procure maneiras de satisfazer
a necessidade que você percebeu, sem que o beneficiário seja alguém ou a igreja
jamais saiba quem deu o dinheiro. --
B. Devemos ofertar
voluntariamente (por nossa vontade, com amor):
– 3 Porque, segundo o
seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram
voluntariamente. 4 Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a
comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. – (2 Coríntios
8:3-4)
Somos aqui ensinados
que as igrejas da Macedônia deram de suas próprias vontades. Ninguém os estava
manipulando emocional e psicologicamente, nem lhes torcendo o braço,
obrigando-os.
– Cada um contribua
segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque
Deus ama ao que dá com alegria. – (2 Coríntios 9:7)
Se não devemos ofertar
com tristeza ou sob compulsão externa, então devemos ofertar voluntariamente,
de ânimo pronto, com prazer e alegria. Deus quer que nosso ofertar provenha do
nosso coração. Ele quer que ofertemos porque temos todo o desejo de fazê-lo.
C. Devemos ofertar com
expectativa:
Quando ofertamos,
devemos esperar que Deus nos abençoe nesta presente vida. Isto nada tem a ver
com a Teologia da Prosperidade, mas sim com a promessa de ser abençoado por
Deus segundo os Seus propósitos para cada crente. Consideremos os ensinos do
apóstolo Paulo.
– E digo isto: Que o
que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em
abundância ceifará. – (2 Coríntios 9:6)
-- Quando alguém
semeia por girar seu braço e espalhando abundantemente as sementes com a mão
aberta, parece que está apenas jogando fora bom grão. Mas, se ele firmemente
prendesse as sementes na sua mão [não deixando nenhuma escapar], ou se apenas
jogasse uma ou duas sementes, teria uma ceifa muito pequena. Assim também com o
ofertar do crente. Se dermos com uma mão aberta e generosa, podemos esperar que
colhamos abundantemente a aprovação de Deus. Isso não significa que ficaremos
ricos materialmente falando, isso significa que seremos abençoados segundo os
propósitos de Deus. Esta benção pode ser um simples sorriso de Deus como
aprovação, ou uma recompensa, ou apenas, a afirmação "fizestes sua obrigação".
Seja qual for a reação de Deus como aprovação por nossa atitude, esta será
sempre a maior e melhor benção que poderíamos receber, pois Deus sabe o que
faz. A verdade é que devemos ser obedientes e amarmos Sua obra de forma
objetiva (ação) com aquilo que Deus nos permite "ter" e
"possuir" (aspas pois tudo, na verdade, é de Deus) nesta vida.
Contribuímos por amor e não por interesses em enriquecer materialmente ou
ainda, em sermos reconhecidos pelos homens como "boas pessoas".
John Bunyan disse uma certa
vez: "Um santo nunca dizia 'esta moeda é minha', e, quanto mais ele
ofertava, mais ele tinha." Muitos têm torcido 2Cor 9:9 como se ensinasse
que Deus quer que ofertemos tendo, dentro de nós mesmos, o objetivo de
recebermos. Este tipo de ensino apela para a carne, e faz crescer um espírito
de avareza e cobiça nos crentes. Mas, ao contrário disto, Paulo nesta passagem
está ensinando que devemos ofertar com o objetivo de receber mais para podermos
ofertar [ainda] mais, ou seja, não há interesse pessoal, mas sim, o interesse
em ser um canal de bênçãos para os demais.
Vejamos como Paulo
expressa isto, nos versos 8-11: "8 E Deus é poderoso para fazer abundar em
vós toda a graça, A FIM DE QUE, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência,
abundeis em toda a boa obra; 9 Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres;
A sua justiça permanece para sempre. 10 Ora, aquele que dá a semente ao que
semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e
aumente os frutos da vossa justiça; 11 Para que em tudo enriqueçais PARA toda a
beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus." Notemos,
nesta passagem, que Paulo está asseverando que Deus abençoará o ofertante
generoso fazendo toda a graça abundar sobre ele, para que, em consequência,
este tenha uma abundância para toda boa obra. Ademais, Deus promete multiplicar
a semente do ofertante para semear e [promete] aumentar a colheita de sua
retidão. Estas passagens sem dúvida alguma apontam para o fato de que Deus
abençoa aqueles que ofertam, não necessariamente, de forma material ou
financeira, mas certamente a atitude daquele que contribui, agrada a Deus. Uma
vez que Deus é o maior ofertante de todos, devemos nos esforçar para sermos na
semelhança Dele. E a única maneira de podermos ser maiores ofertantes no futuro
é começarmos a dar generosamente agora! É muito interessante que isto seja
exatamente o que os Provérbios de Salomão nos ensinam, embora tenham sido
escritos centenas de anos antes.--
– Ao SENHOR empresta o
que se compadece do pobre, Ele lhe pagará o seu benefício. – (Provérbios 19:17)
– 24 Ao que distribui
mais se lhe acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é para a sua perda.
25 A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido. – (Provérbios 11:24-25)
Em adição, também
devemos esperar que Deus nos abençoará na vida futura. Se há uma coisa que a
Bíblia deixa muito clara é que, quando ofertamos estamos entesourando para nós
mesmos tesouros no céu. Note a ênfase nos tesouros celestiais, futuros, nas
seguintes passagens:
– 19 Não ajunteis
tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões
minam e roubam; 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem
consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. – (Mateus 6:19-21)
– Vendei o que tendes,
e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus
que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. – (Lucas
12:33)
– 18 Que façam bem,
enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; 19 Que
entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam
alcançar a vida eterna. – (1 Timóteo 6:18-19)
-- Em todas estas
passagens (quer dirigidas aos discípulos, ao rico jovem proprietário, ou aos
opulentos crentes de Éfeso) a mensagem é a mesma - o generoso ofertar será
recompensado por tesouros celestiais. Preferirias tu ter seu tesouro na terra,
onde perecerá, ou no céu, onde o gozarás eternamente? Tua resposta a esta
pergunta terá muito a ver com o como verás e usarás tuas riquezas. --
D. Devemos ofertar
animadamente (com ânimo, alegria):
Em 2 Coríntios 9:7 nós
aprendemos qual espírito devemos ter ao ofertarmos "Cada um contribua
segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque
Deus ama ao que dá com alegria."
-- Se cada crente
soubesse quão grande chuva de bênçãos gozaríamos através do ofertar, seríamos
como os crentes da Macedônia, que imploraram a Paulo para terem a oportunidade
de ofertar (2 Cor 8:3-4)! Ofertar deveria ser visto como um grande privilégio,
não como uma pesada carga ou um doloroso dever. Deus não deseja que seu povo
oferte movido por um sentimento de compulsão [ser empurrado à força e contra a
vontade], mas sim movido por uma atitude de alegria e animação. A suprema e
definitiva passagem no NT que declara a atitude com a qual devemos ofertar,
descreve-a como "com alegria". Que Deus nos ajude a ofertar em
um espírito que O honre! --
E. Devemos ofertar sacrificialmente:
Nas Escrituras temos
vários exemplos onde Deus olha com aprovação para o nosso ofertar sacrificial:
– 1 Também, irmãos,
vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedónia; 2 Como em
muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda
pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. 3 Porque, segundo o seu poder
(o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. 4
Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste
serviço, que se fazia para com os santos. 5 E não somente fizeram como nós
esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós,
pela vontade de Deus. – (2 Coríntios 8:1-5)
-- Logo de partida,
notemos que os crentes macedônicos tinham pouquíssimos dinheiro e bens. São
descritos como estando suportando muita aflição e experimentando profunda
pobreza. Apesar de tudo, também é dito que tinham ofertado além das suas
possibilidades! Que Deus nos habilite a os imitarmos em nossas próprias vidas!
Mas veja que eles não
foram pressionados ou manipulados para tal atitude. Ofertaram dessa forma
porque desejaram sem nenhuma pressão externa. Bem diferente dos atuais
"sacrifícios de fé" que vemos em igrejas brasileiras onde a pressão
psicológica é usada para oprimir as pessoas e obrigá-las a ofertar além de suas
condições financeiras. --
– 41 E, estando Jesus
assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão
lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito. 42 Vindo,
porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo.
43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta
pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; 44
Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza,
deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento. – (Marcos 12:41-44)
-- Jesus escolheu esta
mulher para servir aos seus discípulos de maravilhoso exemplo do ofertar.
Quando Cristo viu o espírito sacrificial dela [amoroso e de vontade livre e
boa], Ele chamou os Seus discípulos para se aproximarem, observarem, e
aprenderem uma lição, através da vida dela. Que também aprendamos, e saiamos, e
façamos semelhantemente!
Podes tu afirmar que
teu ofertar é caracterizado por um espírito de sacrifício com felicidade? Teu
ofertar realmente te é custoso? Realmente representa um sacrifício? Na
realidade, não é quanto ofertamos que é tão importante, mas sim quanto é que
resta e guardamos para nós mesmos, depois de ofertarmos. Que nosso grande e
glorioso Deus nos habilite a praticarmos um gozoso e sacrificial ofertar! --
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Escrituras
decididamente ensinam que os crentes devem ser ofertantes, doadores ou
contribuintes generosos, sacrificiais, expectantes, e satisfatoriamente
animados! Será que isto descreve você?
A contribuição dos
crentes não pode se resumir a uma obrigação mensal como uma prestação a pagar e
a inserção de seu nome em uma lista fixada no mural da igreja como se aqueles
ali fossem mais crentes ou mais espirituais que os demais. Não, mil vezes não!
Paremos de inventar
normas que não encontram respaldo bíblico. Contribuir e ofertar na igreja é
muito mais profundo do que esse legalismo com roupagem de piedade. É minha
sincera oração que o Espírito Santo use este artigo para o desafiar a repensar
os seus padrões de contribuição na igreja, e para verificar se eles se alinham
com a vontade de Deus, conforme expressa no Novo Testamento. Se não estiverem,
vá ao Senhor em oração e peça-lhe o poder e a graça para lhe obedecer
plenamente em todas as coisas.
Pr. Prof. Magdiel Anselmo
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