Este assunto é de suma importância em nossos dias. Quando
presenciamos a Igreja sendo bombardeada de todos os lados por falsos ensinos,
inovações perniciosas e pessoas com claras intenções em transtornar a sua real
essência e gloriosa missão, faz-se necessário voltarmos ao que as Escrituras
nos revelam sobre como o próprio Cristo organizou Sua Igreja e o Espírito Santo
a preparou.
À medida que vamos analisando a Igreja Primitiva Apostólica
descobrimos a forma pelo qual o Espírito Santo quer atuar na igreja e a forma
que a igreja deve atuar na força do Espírito Santo. Muito temos que aprender ou
pelo menos relembrar com as experiências e ensinos dos primeiros cristãos.
Homens e mulheres que foram perseguidos, açoitados e
mortos muitos deles por seguirem o Cristianismo. Crentes que buscavam a glória
de Deus e a obediência a Sua vontade. Vamos ver como eram as primeiras formas
de atuação da igreja como comunidade cristã.
Enfim, como já afirmei a igreja primitiva apostólica
tem muito a nos ensinar. As Escrituras mostram que os apóstolos seguiam os
métodos ensinados por Cristo, não poderia ser diferente, mas quais eram esses métodos?
a. Pregação do
Evangelho de Cristo: Aproveitavam
todas as oportunidades para pregar o Evangelho, não tinham receio de quem fosse
o ouvinte. Tinham uma missão e a cumpriam o melhor que podiam. E Deus os
capacitava para tal. O número também não importava, podia ser uma pessoa assim
como milhares. Tinham consciência do valor de uma pessoa para Cristo, pois
foram alvos deste amor um dia e tinham ciência de que Cristo morreu pelo
pecador que cresse na mensagem.
b. Batismo nas
águas: Após a conversão imediatamente
batizavam os novos na fé como obediência a ordem do Mestre Jesus Cristo.
c. Ensinavam sistematicamente
a doutrina que aprenderam de Cristo: Em várias
partes do NT vê-se o verbo “ensinar” usado para mostrar uma função e atuação
apostólica. As cartas paulinas, joaninas e petrinas são um exemplo marcante
deste método de atuação.
Foi desta forma que os apóstolos iniciaram seus
ministérios e devido a isso as primeiras congregações foram organizadas. Muitas
vidas foram salvas e ensinadas e o mundo daquela época foi sacudido pelo poder
do Evangelho de Cristo. Muitos foram reconciliados com o Pai através de poucos
e frágeis homens que capacitados e dirigidos pelo Espírito Santo deram
continuidade ao plano divino.
O Modelo
Bíblico de Comunhão:
O modelo de comunhão da e na Igreja Primitiva era
simples e prático, porém de grandes resultados na vida de cada participante. Os
textos bíblicos de Atos 2: 42-47 e de
11: 19-25 são bem esclarecedores quanto ao que acontecia com e na Igreja
Primitiva. Lendo-os percebe-se que os cristãos (como foram chamados em 11: 26
pela primeira vez), eram muito próximos uns dos outros, ou como diz em 2: 44 “tinham
tudo em comum” e isso parece-nos que era algo natural entre eles.
A união da Igreja ocorria devido ao amor
desinteressado em coisas materiais e visíveis, realmente era despojado de
materialismo. Ao contrário, existia um amor ardente em cada coração pela
pregação do Evangelho e pela edificação em amor da Igreja como um todo.
O relato bíblico mostra uma união crescente da igreja.
Havia a simplicidade e a necessidade de estarem sempre juntos, orando
e louvando a Deus.
Seguiam literalmente o exemplo de Jesus Cristo e dos
apóstolos, visando sempre alcançar vidas pela pregação e pelo amor às
pessoas.
Não vemos, neste princípio, intrigas ou conflitos
internos relevantes. Alguns dizem que isso ocorria porque a Igreja ainda estava
no primeiro amor e empolgada com o encontro com Cristo. Mas, se continuarmos a
ler o livro de Atos, veremos mais a frente que esta “empolgação” como alguns
argumentam ser o motivo desta comunhão, não impediu que esta Igreja fosse
séria e comprometida com a Verdade. Um exemplo disto é o texto de Atos 5:
1-11.
Para aqueles que justificam o esfriamento ou
diminuição do amor como sendo coisa natural a vida do crente, posso lembrá-los
da advertência de Cristo a igreja em Éfeso (Apocalipse 2: 2-7). Se a Bíblia não
basta para removê-los de seu erro, não sei mais o que bastará.
Com certeza, o exemplo de comunhão da Igreja Primitiva
deve ser uma busca incessante da Igreja atual. A simplicidade do Evangelho deve
ser vivida em toda sua plenitude. A comunhão entre irmãos deve ser uma
prioridade da comunidade evangélica. Mas que comunhão? Será esta comunhão
simples palavras, sorrisos ou abraços em meio a cânticos que nos forçam a olhar
e falar com nossos irmãos, a qual nem o nome sabemos muitas vezes? Será esta
comunhão o simples fato de sermos membros de uma denominação e cultuarmos a
Deus em um mesmo local? Será esta comunhão nos cumprimentarmos com “a paz do
Senhor”, “graça e paz” ou outra forma usada para nos diferenciarmos do mundo?
Que comunhão era aquela da Igreja Primitiva, que os
levava a renunciar bens e propriedades em prol do irmão necessitado? Que os
levava a ter a simpatia daqueles que não faziam parte da igreja? Que os fazia
alegres e simpáticos, mesmo em meio a terríveis perseguições? Que comunhão era aquela?
Evidente que não era o tipo de comunhão que estufamos
o peito e dizemos que temos uns com os outros atualmente. Ah, como muitas vezes
somos hipócritas e cheios de interesses pessoais. Cantamos que somos um, mas
não nos conhecemos além da liturgia de nossos cultos. Estamos na maioria das vezes preocupados com
as aparências e esquecemos de que a comunhão que a Igreja Primitiva tinha não
era aparente, mas interna, espiritual. Temos vergonha de abraçarmos nosso irmão
porque não o conhecemos e não temos a mínima intimidade com ele(a) para isso. Por isso muitas vezes esta atitude
induzida por cânticos é pura hipocrisia e falsidade. Falta-nos o amor tão
natural nos primeiros cristãos.
Nosso dia-a-dia, os problemas da vida, a ansiedade em
ter e ser, o materialismo, as aparências e tudo o mais tiraram da Igreja de
Cristo o sinal, a marca dos verdadeiros cristãos: “o amor as pessoas” e o “o
amor a Palavra de Deus”. É assim que seríamos conhecidos, já dizia Cristo. Não
há como amar as pessoas (o próximo) sem que haja amor a Palavra. O simples
praticar e ensinar a Palavra são expressões deste amor ao próximo. A Igreja Primitiva
amava e perseverava na doutrina dos apóstolos (na Palavra).
Quando alguém surge, como um solitário soldado, e
começa a priorizar o espiritual e dar atenção e importância ao que a Bíblia nos
revela e ensina sobre as questões e inquietações da vida, muitos não aceitam e
entendem suas intenções e inicia-se uma campanha contra. Afirmam: “Onde já se
viu priorizar o espiritual e dar importância tão grande ao zelo pela prática da
fidelidade às Escrituras? Como não buscar as coisas materiais e a auto-suficiência
intelectual?” “Por que não questionar esses ensinos ‘antigos’? Os tempos são
outros.” E muitos começam a pôr em dúvida até o caráter deste soldado
solitário, pautados em princípios capitalistas e valores mundanos e seculares.
Quando vemos alguém viver na dependência total de
Deus, amando as pessoas e buscando levá-las a Cristo pela pregação e ensino do
Evangelho e para isso se entregando integralmente para aprender, se preparar e
trabalhar na obra de Deus, muitas vezes rotula-se esta pessoa de “à toa”,
“aproveitadora”, “desocupada” e até de “alienada”.
O amor e o ardor pela sã doutrina, pela fiel
interpretação do texto bíblico e pelas pessoas iludidas e ludibriadas por um
evangelho antropocêntrico são a motivação desses fieis cavaleiros da justiça. O
próprio Espírito tem movido o coração destes soldados solitários e tem os
levado a lutar pelo retorno ao modelo de comunhão da Igreja Primitiva.
A comunhão na Igreja Primitiva se dava primeiro pela
mesma forma de pensar. Os objetivos de todos era levar Cristo aqueles que não o
conheciam e ajudar objetivamente a irmandade em todos os sentidos. Não havia
egoísmo ou interesses pessoais. Tudo em comum, era o lema. A seguir, a comunhão
era preservada pelo Espírito por causa da obediência e submissão a Palavra de
Deus, bem como, a defesa da fé cristã que fora ensinada pelos apóstolos.
A comunhão na Igreja de Cristo deve seguir o modelo
dos primeiros cristãos. Conhecer-nos é uma oportunidade para exercermos amor,
as dificuldades e problemas de meu irmão também são meus, as alegrias e
vitórias de meu irmão também são minhas. Só assim haverá intimidade e
reciprocidade. Um entendendo o outro, orando uns pelos outros com sinceridade e
amor. Repreendendo quando necessário, mas acima de tudo estando juntos para
fortalecer e encorajar.
Esta comunhão só será possível e não simplesmente uma
utopia, se o corpo estiver ligado à cabeça, que é Cristo e unido pelo vínculo
do Espírito. A comunhão com o Deus da Igreja é imprescindível para que a
verdadeira comunhão entre irmãos aconteça e prevaleça.
Abaixo o materialismo. Abaixo o evangelho teatral.
Abaixo a omissão da Verdade disfarçada de comunhão enganosa.
Viva o verdadeiro Cristianismo! Viva o Cristianismo
Bíblico !
Voltemos ao modelo primitivo apostólico, voltemos a
Deus.
Em Cristo,
Pr. Prof. Magdiel Anselmo.
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