quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Carnaval, festa da carne.



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Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis (Rm 8.13)

O carnaval no Brasil, uma das mais conhecidas festas populares do mundo, é totalmente contrário aos valores cristãos. Mas, por outro lado, não podemos deixar de considerar que esta festa é uma manifestação folclórica e cultural do povo brasileiro. Será que o carnaval, na proporção que vemos hoje – com suas mais variadas atrações, com direito a escândalos e tudo, envolvendo políticos (quem não se lembra do episódio ocorrido com Itamar Franco?) e alcançando as camadas mais humildes da sociedade – é o mesmo de antigamente? Onde e como teve início o carnaval? Qual tem sido a sua trajetória, desde o seu princípio até os dias atuais? Existem elementos éticos em sua origem? São perguntas que, na medida do possível, estaremos respondendo no artigo que segue.
Origem histórica da festa do rei Momo
A palavra carnaval deriva da expressão latina carne levare, que significa abstenção da carne. Este termo começou a circular por volta dos séculos XI e XII para designar a véspera da quarta-feira de cinzas, dia em que se inicia a exigência da abstenção de carne, ou jejum quaresmal. Comumente os autores explicam este nome a partir dos termos do latim tardio carne vale, isto é, adeus carne, ou despedida da carne; esta derivação indicaria que no carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias do jejum quaresmal - outros estudiosos recorrem à expressão carnem levare, suspender ou retirar a carne: o Papa São Gregório Magno teria dado ao último domingo antes da quaresma, ou seja, ao domingo da qüinquagésima, o título de dominica ad carnes levandas; a expressão haveria sido sucessivamente abreviada para carnes levandas, carne levamen, carne levale, carneval ou carnaval – um terceiro grupo de etmologistas apela para as origens pagãs do carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se exibir um préstito em forma de nave dedicada ao deus Dionísio ou Baco, préstito ao qual em latim se dava o nome de currus navalis: de onde vem a forma carnavale.1
Segundo o historiador José Carlos Sebe, ao carnaval estão relacionadas as festas e manifestações populares dos mais diversos povos, tais como o purim, judaico, e as saturnálias e as caecas, babilônicas, manifestações que contribuíram muito para o carnaval atual.
A real origem do carnaval é um tanto obscura. Alguns historiadores assentam sua procedência sobre as festas populares em honra aos deuses pagãos Baco e Saturno. Em Roma, realizavam-se comemorações em homenagem a Baco (deus de origem grega conhecido como Dionísio e responsável pela fertilidade. Era também o deus do vinho e da embriaguez). As famosas bacanais eram festas acompanhadas de muito vinho e orgias, e também caracterizadas pela alegria descabida, eliminação da repressão e da censura e liberdade de atitudes críticas e eróticas. Outros estudiosos afirmam que o carnaval tenha sido, talvez, derivado das alegres festas do Egito, que celebravam culto à deusa Isís e ao deus Osíris, por volta de 2000 a.C.
A Enciclopédia Britânnica afirma: Antigamente o carnaval era realizado a partir da décima segunda noite e estendia-se até a meia-noite da terça-feira de carnaval2. Outra corrente de pensamento entende que o carnaval teve sua origem em Roma. Enquanto alguns papas lutaram para acabar com esta festa (Clemente, séculos IX e XI, e Benedito, século XIII), outros, no entanto, a patrocinavam.
A ligação desta festa com o povo romano tornou-se tão sólida que a Igreja Romana preferiu, ao invés de suspendê-la, dar-lhe uma característica católica. Ao olharmos para países como Itália, Espanha e França, vemos fortes denominadores comuns do carnaval em suas culturas. Estes países sofreram grandes influências romanas. O antigo Rei das Saturnais, o mestre da folia, é sempre morto no final das antigas festas pagãs.
Vale ressaltar que O festival Dionisíaco expõe em seu tema um grande contra-senso, descrito na The Grolier Multimedia. Enciclopédia, 1997: A adoração neste festival é chamada de Sparagmos, caracterizada por orgias, êxtase e fervor ou entusiasmo religioso. No entanto, seu significado é descrito no mesmo parágrafo da seguinte forma: Deixar de lado a vida animal, a comida dessa carne e a bebida desse sangue.
A origem do carnaval no Brasil
O primeiro baile de carnaval realizado no Brasil ocorreu em 22 de janeiro de 1841, na cidade do Rio de Janeiro, no Hotel Itália, localizado no antigo Largo do Rócio, hoje Praça Tiradentes, por iniciativa de seus proprietários, italianos empolgados com o sucesso dos grandes bailes mascarados da Europa. Essa iniciativa agradou tanto que muitos bailes o seguiram. Entretanto, em 1834, o gosto pelas máscaras já era acentuado no país por causa da influência francesa.
Ao contrário do que se imagina, a origem do carnaval brasileiro é totalmente européia, sendo uma herança do entrudo português e das mascaradas italianas. Somente muitos anos depois, no início do século XX, foram acrescentados os elementos africanos, que contribuíram de forma definitiva para o seu desenvolvimento e originalidade.
Nessa época, o carnaval era muito diferente do que temos hoje. Era conhecido como entrudo, festa violenta, na qual as pessoas guerreavam nas ruas, atirando água uma nas outras, através de bisnagas, farinha, pós de todos os tipos, cal, limões, laranjas podres e até mesmo urina. Quando toda esta selvageria tornou-se mais social, começou então a se usar água perfumada, vinagre, vinho ou groselha; mas sempre com a intenção de molhar ou sujar os adversários, ou qualquer passante desavisado. Esta brincadeira perdurou por longos anos, apesar de todos os protestos. Chegou até mesmo a alcançar o período da República. Sua morte definitiva só foi decretada com o surgimento de formas menos hostis e mais civilizadas de brincar, tais como o confete, a serpentina e o lança-perfume. Foi então que o povo trocou as ruas pelos bailes.
Símbolos carnavalescos
Como em qualquer manifestação popular, o carnaval também se utilizou de formas simbólicas para aguçar a criatividade do povo e, conseqüentemente, perpetuar sua história. As fantasias apareceram logo após as máscaras, por volta de 1835, dando um colorido todo especial à festa. Com o passar dos anos, as pessoas iam perdendo a inibição e as fantasias, que a princípio eram usadas como disfarce (por serem quentes demais), foram dando lugar a trajes cada vez mais leves, chegando ao nível que vemos hoje, de quase completa nudez. Independente das mudanças, os grandes bailes, portanto, permaneceram realizando concursos de fantasias, incentivando a competição entre grandes figurinistas e modelos.
Como já foi citado, o primeiro baile de carnaval no Brasil foi realizado em 1841, na cidade do Rio de Janeiro, e, desde então, não parou mais. No começo eram apenas bailes de máscaras e a música era a polca, a valsa e o tango. Havia também coros de vozes para animar a festa. Nota-se que nem sempre foi tocado o samba, mas modinhas. Os escravos contribuíram com o carnaval com um estilo de música chamado lundu, ritmo trazido de Angola. Tal ritmo, no entanto, por ser considerado indecente, limitava-se apenas às senzalas. Contudo, permaneceu durante todo o século XIX.
Com esta fusão de ritmos nasce o semba, uma expressão do dialeto africano quibundo. Essa expressão passou por uma culturação e se tornou o que chamamos hoje de samba. O samba se popularizou nos entrudos, pois em sua origem este ritmo não era propriamente música, mas uma dança feita nos quilombos. Todo este contexto histórico nos leva até os anos 20, ocasião em que nasce aquilo que hoje é chamado de a excelência do samba, ou seja, o samba de enredo.
O carnaval hoje conta com bailes de todos os tipos, como o baile à fantasia, baile da terceira idade, matinês para crianças, bailes de travestis, entre outros. Os embalos musicais destes bailes contam com o bater dos surdos e o samba é o ritmo predominante. Também toca-se axé music, um estilo baiano. No carnaval hoje não se dança mais, pula-se.
Desfiles das Escolas de Samba
Iniciou-se no começo do século XX com os blocos, mas somente nos anos 60 e 70 é que acontece no carnaval brasileiro a chamada Revolução Plástica, com a participação da classe média na folia e todos os seus valores estéticos e estilísticos, que viriam incrementar todo o contexto das escolas de samba.
Os desfiles das escolas de samba são, sem dúvida, o ponto alto do carnaval brasileiro, turistas vêem de todos os cantos e pagam pequenas fortunas para assistirem ao desfile. Outras tantas pessoas perdem noites de sono vendo a festa pela televisão.
A competição entre as escolas de samba é ferrenha, e não raro ocorrem brigas entre seus líderes (leia-se presidentes) durante a apuração dos resultados, pois os pontos são disputados um a um, para que, ao final, se saiba quem foi a grande campeã do carnaval.
Um detalhe importante. A oficialização do desfile das escolas aconteceu em 1935, com a fundação do Grêmio Recreativo Escola de Samba. Antes desta data, porém, mais precisamente em 1930, já se via desfiles nas ruas do Rio de Janeiro.
O carnaval e a igreja católica romana
Devido à sua origem pagã, e pelo fato de ser uma festa um tanto obscena, a relação entre a Igreja Romana e o carnaval nunca foi amigável. No entanto, o que prevaleceu por parte da igreja foi uma atitude de tolerância quanto à essa manifestação, até porque a liderança da igreja não conseguiu eliminá-la do calendário. A solução, então, foi: se não pode vencê-los, junte-se a eles. Daí, no século XV, a festa da carne, por assim dizer, foi incorporada ao calendário da igreja, sendo oficializado como a festa que antecede a abstinência de carne requerida pela quaresma: Por fim, as autoridades eclesiásticas conseguiram restringir a celebração oficial do carnaval aos três dias que precedem a quarta-feira de cinzas (em nossos tempos, alguns párocos bem intencionados promovem, dentro das normas cristãs, folguedos públicos nesse tríduo a fim de evitar que sejam os fiéis seduzidos por divertimentos pouco dignos). Como se vê, a igreja não instituiu o carnaval; teve, porém, de o reconhecer como fenômeno vigente no mundo em que ela se implantou. Sendo em si suscetível de interpretação cristã, ela o procurou subordinar aos princípios do Evangelho; era inevitável, porém, que os povos não sempre observassem o limite entre o que o carnaval pode ter de cristão e o que tem de pagão. Esta claro que são contrários às intenções da igreja os desmandos assim verificados. Em reparação dos mesmos foram instituídas adoração das quarenta horas e as práticas de retiros espirituais nos dias anteriores à quarta-feira de cinzas.3
José Carlos Sebe escreveu: Apenas no século XV, provavelmente movido pelo sucesso popular da festa, o Papa Paulo II a incorporou no calendário cristão. Aliás, Paulo II foi mais longe, chegando a patrocinar toda uma rica celebração antes do advento da Quaresma. Não apenas o carnaval popular foi organizado pelos papas. Paulo IV promoveu uma terça-feira gorda, um lauto jantar onde compareceu o sacro colégio romano, e o festim regado a vinho pôde ser considerado uma das primitivas celebrações em salão fechado.4
A tentativa da Igreja Católica Romana na cristianização do carnaval e sua atual justificativa é totalmente inconseqüente, infeliz e irresponsável. Não existe uma referência bíblica sequer favorável ao seu argumento. Pelo contrário. Existe todo um contexto bíblico explicitamente contrário à essa manifestação popular. Todos os especialistas cristãos sabem muito bem quando devem aplicar a transculturação cristã em determinada manifestação cultural (como exemplo, o Natal, período em que ocorre a mudança do objeto de culto e a extirpação total da velha ordem, transformação das simbologias e referências). Sabem também quando à determinada comemoração popular é impossível aplicar quaisquer processos de cristianização.
O carnaval é um exemplo real da sobrevivência do paganismo, com todos os seus elementos presentes. É a explicita manifestação das obras da carne: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes. O apóstolo Paulo declara inequivocamente que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus (Gl 5.19-21).
Posição da igreja evangélica no período do carnaval
Como pudemos observar, o carnaval tem sua origem em rituais pagãos de adoração a deuses falsos. Trata-se, por isso, de uma manifestação popular eivada de obras da carne, condenadas claramente pelas Sagradas Escrituras. Seja no Egito, Grécia ou Roma antiga, onde se cultua, respectivamente, os deuses Osíris, Baco ou Saturno, ou hoje em São Paulo, Recife, Porto Alegre ou Rio de Janeiro, sempre notaremos bebedeiras desenfreadas, danças sensuais, música lasciva, nudez, liberdade sexual e falta de compromisso com as autoridades civis e religiosas. Entretanto, não podemos também deixar de abordar os chamados benefícios do carnaval ao país, tais como geração de empregos, entrada de recursos financeiros do exterior através do turismo, aumento das vendas no comércio, entre outros.
Traçando o perfil do século XXI, não é possível isentar a igreja evangélica deste momento histórico. Então, qual deve ser a posição do cristão diante do carnaval? Devemos sair de cena para um retiro espiritual, conforme o costume de muitas igrejas, a fim de não sermos participantes com eles (Ef.5.7)? Devemos, por outro lado, ficar aqui e aproveitarmos aoportunidade para a evangelização? Ou isso não vale a pena porque, especialmente neste período, o deus deste século lhes cegou o entendimento (2 Co.4.4) ?
Creio que a resposta cabe a cada um. Mas, por outro lado, a personalidade da igreja nasce de princípios estreitamente ligados ao seu propósito: fazer conhecido ao mundo um Deus que, dentre muitos atributos, é Santo.
Há quem justifique como estratégia evangelística a participação efetiva na festa do carnaval, desfilando com carros alegóricos e blocos evangélicos, o que não deixa de ser uma tremenda associação com a profanação. Pergunta-se, então: será que deveríamos freqüentar boates gays, sessões espíritas e casas de massagem, a fim de conhecer melhor a ação do diabo e investir contra elas? Ou deveríamos traçar estratégias melhores de evangelismo?
No carnaval de hoje, são poucas as diferenças das festas que o originaram, continuamos vendo imoralidade, música lasciva, promiscuidade sexual e bebedeiras.
José Carlos Sebe, no livro Carnaval de Carnavais, página 16, descreve, segundo George Dúmezil (estudioso das tradições mitológicas): O carnaval deve ser considerado sagrado, porque é a negação da rotina diária. Ou seja, é uma oportunidade única para extravasar os desejos da carne, e dentro deste contexto festivo, isto é sagrado, em nada pervertido. Na página 17, o mesmo autor descreve: Beber era um recurso lógico para a liberação pessoal e coletiva. A alteração da rotina diária exigia que além da variação alimentar, também o disfarce acompanhasse as transformações.
Observe ainda o que diz Manuel Gutiérez Estéves: No passado, faziam-se nos povoados, mas sobretudo nas cidades, diversos tipos de reuniões em que todos os participantes aparentavam algo diferente daquilo que, na realidade, eram. A pregação eclesiástica inseriu na mensagem estereotipada do carnaval a combinação extremada da luxúria com a gula. Não falta, sem dúvida, fundamento para isto.5
Como cristãos, não podemos concordar e muito menos participar de tal comemoração, que vai contra os princípios claros da Palavra de Deus: Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito (Rm 8.5-8). Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus (1 Co 6.20).
Evangelismo ou retiro espiritual?
A maioria das igrejas evangélicas, hoje, tem sua própria opinião quanto ao tipo de atividade que deve ser realizada no período do carnaval. Opinião esta que, em grande parte, apoia-se na teologia que cada uma delas prega. Este fato é que normalmente justifica sua posição. A saber: enquanto umas participam de retiros espirituais, outras, no entanto, preferem ficar na cidade durante o carnaval com o objetivo de evangelizar os foliões.
Primeiramente, gostaríamos de destacar que respeitamos as duas posições, pois cremos que os cristãos fazem tudo por amor ao Senhor e com a intenção de ganhar almas para Jesus e edificar o corpo de Cristo (Cl 3.17). Entendemos, também, o propósito dos retiros espirituais: momentos de maior comunhão com o Senhor que tem feito grandes coisas em nossas vidas. Muitos crentes têm sido edificados pela pregação da Palavra e atuação do Espírito Santo nos acampamentos promovidos pelas igrejas. Todavia, a visão de aproveitarmos o carnaval para testemunhar é pouco difundida em nosso meio. Na Série Lausanne, encontra-se uma descrição sobre a necessidade da igreja ser flexível. A consideração é feita da seguinte forma: o processo de procura de novas estruturas nos levará, seguidamente, a um exame mais íntimo do padrão bíblico e a descoberta de que um retorno ao modelo das Escrituras e sua adaptação aos tempos atuais é básico à renovação e à missão6 .
Entendemos, com isso, que, em meio à pressão provocada pela mundo, a igreja deve buscar estratégias adequadas para posicionar-se à estas mudanças dentro da Palavra de Deus, e não dentro de movimentos contrários a ela. A Bíblia é a fonte, e não os fatores externos.
Cristãos de todos os lugares do Brasil possuem opiniões diferentes a respeito da maneira adequada para a evangelização no período do carnaval. Mas devemos notar que Cristo nunca perdeu uma oportunidade para pregar, nem mesmo fugia das interrogações ou situações religiosas da época. Não podemos deixar de olhar o que está escrito na Bíblia: Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina (2 Tm 4.2). Aqui o apóstolo Paulo exorta a Timóteo a pregar a Palavra em qualquer situação, seja boa ou má. A Palavra deve ser anunciada. Partindo deste princípio, não devemos deixar de levar o evangelho, não importando o momento.
Assim, devemos lançar mão da sabedoria que temos recebido do Senhor e optar pela melhor atividade para a nossa igreja nesse período tão sombrio que é o carnaval. A igreja jamais pode ser omissa quanto a esse assunto. O cristão deve ser sábio ao tomar sua decisão, sabendo que: Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus (Ef 2.2-6).
Curiosidades do carnaval
Turismo - Rio de Janeiro - Em 2018, cerca de 1 milhão de turistas visitaram a cidade, 61% de fora do país.
Nordeste - nos últimos anos, uma média de 700 mil turistas desembarcaram em Recife.
Dinheiro - No Rio de Janeiro, cada escola recebe aproximadamente R$ 500 mil da Prefeitura. Escolas de samba como Imperatriz Leopoldinense e Beija-flor de Nilópolis chegaram a gastar R$ 1,5 Bilhão com o desfile. A Paraíso do Tuiutis (de onde?) desfilou com um orçamento mais modesto: R$ 800 mil. Em 2010, as escolas de samba desembolsaram uma quantia aproximada em nada mais nada menos do que R$ 22,5 milhões, sendo que cada delas levou R$ 500 mil, somando um total de R$ 7,5 milhões gastos pela Prefeitura (Aqui se refere ao Rio de Janeiro, apenas?).
Acidentes - Só no ano de 2017 foram registrados, pela Polícia Rodoviária Federal, 2468 acidentes nas estradas do país, com 150 mortos e mais de 551 feridos.
As armas da festa
Confete - Procedente da Espanha, veio para o Brasil em 1892;
Serpentina. De origem francesa, chega ao país também em 1892;
Lança-perfume - Bisnaga de vidro ou metal (hoje feita de plástico), que continha éter perfumado. De origem francesa, chegou ao Brasil em 1903.
O rei momo no carnaval carioca
De origem greco-romana, Momo é a figura mais tradicional do carnaval. Segundo consta a lenda, ele foi expulso do Olimpo, habitação dos deuses, por causa de sua irreverência.
Nas festas de homenagem ao deus Saturno, na antiga Roma, o mais belo soldado era escolhido para ser o rei Momo. No final das comemorações, o eleito era sacrificado a Saturno em seu altar.
O rei Momo foi introduzido no carnaval carioca em 1933. Sua figura era representada por um boneco de papelão. Em 1949, no entanto, o boneco de papelão foi substituído por personalidades importantes da época. Em 1950, esta festa popular deixou de contar apenas com a representação do rei Momo, surgindo, então, as rainhas e princesas do carnaval.



O ABORTO


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Quando se fala em legalização do aborto, imediatamente é levantada a questão dos “casos difíceis”: as situações que deixam até mesmo as pessoas mais compassivas despreparadas diante dos que defendem o direito dessa prática. Uma menina de 12 anos é sexualmente abusada pelo próprio irmão. Uma adolescente de 16 anos, filha única de uma mãe solteira que tem de trabalhar fora para sustentar a casa, é brutalmente estuprada por um estranho. Um homem domina uma jovem em seu primeiro namoro e a violenta. Esses são apenas alguns dos casos trágicos.
Os que são a favor do aborto tiram vantagem de situações assim para ganhar a simpatia da população. Quando uma mulher ou menina é vítima de abuso sexual, dizem eles, o aborto é uma solução. Eles afirmam que “forçá-la” a ter o bebê a deixará traumatizada. O que poderia ser mais cruel, perguntam eles, do que insistir em que uma jovem ou mulher gere em seu corpo uma criança concebida num ato de estupro ou abuso?
Manipulando as “exceções”
Esses argumentos não são novidade. Aliás, a maioria dessas estratégias foi usada pelos ativistas pró-aborto nos EUA.
Utilizando a questão do “estupro” para persuadir os políticos, os jornalistas e a opinião pública, as feministas conseguiram, em 1973, legalizar o aborto nos EUA no famoso caso Roe x Wade, diante do Supremo Tribunal. Neste caso, “Jane Roe” afirmou buscar uma operação de aborto quando ficou grávida depois de ser violentada por vários homens. Anos mais tarde, Norma McCorvey, a mulher que usou o nome de “Jane Roe”, reconheceu que suas advogadas feministas inventaram toda a história do estupro. Ela só não pôde mais esconder a verdade porque se converteu ao Cristianismo. Hoje ela conta: “Fui uma boba que fiz tudo o que os promotores do aborto queriam. Na minha opinião, pode-se afirmar sem sombra de dúvida que a indústria inteira do aborto está alicerçada em mentiras”.
Então, hoje se sabe que o caso judicial de estupro usado para legalizar o aborto nos EUA foi uma fraude. Aliás, os argumentos a favor dos direitos ao aborto foram uma farsa desde o começo. Os advogados pró-aborto descobriram que poderiam ganhar o apoio popular e a simpatia judicial focalizando os horrores dos abortos clandestinos e ilegais. Eles argumentavam que centenas de mulheres estavam morrendo nas mãos de “açougueiros” que exploravam vítimas desesperadas. Eles até apresentavam estatísticas, afirmando que havia um grande número de mulheres com problemas de saúde devido ao aborto ilegal e que essas mulheres estavam dando despesas pesadas para o sistema de saúde pública. Para eles, a solução era legalizar o que eles chamam de “interrupção da gravidez”.
Depois da legalização, o dr. Bernard Nathanson se tornou o diretor da maior clínica de abortos do mundo ocidental e presidiu 60 mil operações de aborto. Como McCorvey, ele também teve uma experiência de conversão. Hoje ele conta o que alguns especialistas médicos, inclusive ele mesmo, afirmavam antes da legalização do aborto nos EUA: “Diante do público... quando falávamos em estatísticas [de mulheres que morriam em conseqüência de abortos clandestinos], sempre mencionávamos ‘de 5 a 10 mil mortes por ano’. Confesso que eu sabia que esses números eram totalmente falsos... Mas de acordo com a ‘ética’ da nossa revolução, era uma estatística útil e amplamente aceita. Então por que devíamos tentar corrigi-la com estatísticas honestas?”
Para iludir o público, as feministas garantiram que só queriam o aborto legalizado nos casos de estupro e incesto. Mas aí, quando a questão já estava avançando nos tribunais, elas passaram a dizer que é injusto permitir o aborto só nessas situações. Foi assim que os casos de estupro e incesto acabaram se tornando a porta escancarada que deu às mulheres americanas o direito livre e legal de fazer aborto por qualquer razão e em qualquer estágio da gravidez, desde o momento da concepção até o momento do parto. Hoje são realizados por ano mais de um milhão de abortos nos hospitais e clínicas dos EUA.
Para legalizar o aborto no Brasil, alguns especialistas empregam a mesma estratégia de exagerar as estatísticas. Anos atrás, a CNN mostrou um documentário de uma hora sobre o aborto no mundo. Na seção sobre o Brasil, o repórter da CNN afirmou:
“O aborto no Brasil é uma das maiores causas de morte entre as mulheres. Estima-se que sejam realizados no Brasil seis milhões de abortos ilegais por ano. Esses abortos causam 400 mil mortes. Metade dos abortos feitos anualmente, ou três milhões, são realizados em meninas de 10 a 19 anos. De cada 100 delas, 21 morrerão”.
As estratégias usadas no Brasil são tão parecidas com os argumentos usados nos EUA porque os mesmos grupos que legalizaram o aborto lá estão atuando em nosso país. Mas o Instituto de Pesquisa de População de Baltimore, EUA, comenta:
“Já que o número total de mulheres brasileiras em idade reprodutiva (15 a 44 anos) que morrem anualmente de TODAS as causas são apenas umas 40 mil (consulte o U.N. Demographic Yearbook, 1988, pp. 346-7 ou o World Health Statistics Annual da OMS, 1988, p. 120) a afirmação de 400 mil mortes de abortos ilegais é simplesmente impossível. O repórter que fez a notícia não só não se informou direito mas também demonstra não saber matemática. Ele devia ter percebido que a afirmação de uma taxa de morte de 21 de cada 100 entre os alegados três milhões de abortos realizados em adolescentes dá um total de 630 mil mortes, um número maior do que os 400 mil que supostamente ocorrem de todos os abortos brasileiros juntos! Mas os lacaios do dono da CNN engoliram esse número e o noticiaram no mundo inteiro”.
A verdade aparece
O dr. David Reardon, especialista em ética biomédica e pesquisador e diretor do Instituto Elliot de Pesquisa das Ciências Sociais, diz: “As pessoas pulam para conclusões sobre estupro e incesto com base no medo...”. O Instituto Elliot publicou uma pesquisa recente que mostra que o aborto impede as vítimas de estupro de se recuperar. Durante um período de nove anos, o Instituto coletou o depoimento de 192 mulheres que engravidaram como conseqüência de estupro ou incesto. Nessa pesquisa, há também o testemunho das crianças concebidas nessas circunstâncias.
É claro, os que defendem o aborto gostariam que todos acreditassem que as vítimas de violência sexual são mulheres desesperadamente necessitadas de serviços médicos de aborto. Mas a realidade não é bem assim. Apesar das circunstâncias trágicas, abusivas e muitas vezes violentas em que seus filhos foram concebidos, a maioria dessas mulheres na pesquisa escolheu lhes dar vida. Geralmente, a mulher só cede à realização de um aborto por pressão do abusador ou de outros membros da família.
O Instituto Elliot constatou que 73% das vítimas de estupro escolheram dar à luz seus bebês. Em 1981, a dra. Sandra Mahkorn conduziu a única e importante pesquisa anterior de vítimas de estupro que engravidaram. De modo semelhante, ela constatou que de 75 a 85% das vítimas de estupro escolheram dar vida a seu filhos.
A pesquisa mostra que praticamente todas as mulheres que realizaram um aborto lamentaram a decisão. Por outro lado, as mulheres que escolheram dar à luz seus filhos sentiram-se felizes por tê-los. “Agradeço a Deus pela força que Ele me deu para atravessar os momentos difíceis e por toda a alegria dos bons momentos”, disse Mary Murray, que teve uma filha concebida num estupro. “Jamais lamentarei o fato de que escolhi dar vida à minha filha”. Da mesma forma, os homens e as mulheres concebidas em situações de estupro e incesto elogiam suas mães por lhes darem vida. “Cristo ama todos os seus filhos, até mesmo os que foram concebidos nas piores circunstâncias”, diz Julie Makimaa, cuja concepção ocorreu quando sua mãe foi estuprada. “Afinal, não importa como começamos na vida. O que importa é o que faremos com a nossa vida”.
O aborto aumenta o trauma da violência ou abuso sexual
Em vez de aliviar a angústia psicológica das vítimas de violência sexual, o aborto traz mais angústia. O dr. Reardon, especialista em questões pós-aborto, diz: “A evidência mostra que o aborto aumenta os traumas e o risco de suicídio. Mas o ato de deixar a criança nascer reduz esses riscos”. Nos casos de incesto, as vítimas que engravidam são muitas vezes meninas novas e não estão devidamente conscientes de seu estado de gravidez. O dr. Reardon diz que tal situação as deixa vulneráveis a profundos traumas psicológicos quando, anos mais tarde, elas percebem o que aconteceu.
A própria experiência do aborto, física e emocionalmente, pesa na mulher tanto quanto o trauma do estupro. O trauma maior é que, embora saiba que não teve culpa no estupro, ela sente-se responsável pelo aborto, até mesmo quando o aceita sob pressão. Algumas conseqüências que um aborto deliberado traz:
Síndrome pós-aborto: Um estudo realizado pela dra. Brenda Major, que é a favor do aborto, constatou que, em média, as mulheres relataram não ter recebido nenhum benefício de um aborto.
Abuso de drogas e álcool: Mulheres que realizaram um aborto têm quase três vezes mais risco de usar drogas e/ou álcool do que mulheres que não abortaram. Mulheres que nunca usaram drogas ou álcool e abortaram seu primeiro bebê têm cinco vezes mais risco de começar a usar drogas ou álcool em comparação com mulheres que tiveram seus bebês. Vinte por cento relataram ter começado a usar drogas ou álcool um ano depois do aborto, e 67% disseram ter começado num período de três anos.
Taxas de mortalidade: Um estudo feito na Finlândia revelou que as mulheres que fizeram aborto tiveram 252% mais de chance de morrer no mesmo ano em comparação com mulheres que tiveram seus bebês. Em comparação com mulheres que deram à luz, as chances de morrer dentro de um ano após um aborto foram 1.63% para morte de causas naturais, 4.24% para mortes de ferimentos relacionados a acidentes, 6.46% para mortes em conseqüência de suicídio e 13.97% para mortes em conseqüência de assassinato.
Vítimas de estupro e incesto: O dr. Reardon revela que das 50 vítimas de estupro que expressaram seus sentimentos sobre o aborto que realizaram, 88% declararam que foi uma escolha errada. Quarenta e três por cento das vítimas de estupro avaliadas relataram que fizeram aborto por pressão dos outros. Mais de 90% disseram que desaconselhariam outras vítimas de violência sxual a realizar um aborto. O dr. Reardon menciona um estudo que mostra que as mulheres que fazem aborto têm uma probabilidade duas vezes maior de ter partos antes ou depois do tempo, levando assim a defeito de nascença. Ele também comenta que filhos de mulheres que já fizeram aborto tendem a ter mais problemas de comportamento.
Câncer de mama: De acordo com o livro Breast Cancer (Câncer de mama), do dr. Chris Kahlenborn, a mulher que realiza um aborto tem duas vezes mais probabilidade de sofrer de câncer de mama.
De que modo a vida traz cura
Kay Zibolsky é fundadora da Liga Vida Depois da Agressão e oferece aconselhamento por experiência. Quando tinha 16 anos, Kay foi estuprada numa noite fria e escura por um homem estranho que ela nem mesmo conseguiu ver. Ela guardou o segredo do estupro, mesmo quando percebeu que estava grávida. “Minha mãe me ajudou a atravessar o trauma do estupro, mesmo sem saber que era um estupro, aceitando minha gravidez e dando toda ajuda que ela podia”, diz Kay. “Eu poderia ter questionado se o ato violento e cruel do estupro desculpava o ato violento e cruel de destruir um bebê inocente. Escolhi pensar na parte do bebê que era minha parte”. Ela deu à luz uma filha e lhe deu o nome de Robin.
Hoje Kay tem Jesus na sua vida, é casada e tem outros filhos. E agora usa sua experiência para aconselhar milhares de mulheres vítimas de estupro e incesto, inclusive muitas que engravidaram. Ela conta: “Digo a elas que não é pecado ser estuprada. Estuprar é que é pecado. Isso joga a culpa onde tem de ser jogada. Digo que pecado é matar a criança concebida num estupro ou incesto. Se fizer um aborto, você terá de mais cedo ou mais tarde lidar com esse pecado”.
Kathleen DeZeeuw, que foi estuprada na adolescência, dá o seguinte depoimento: “Vivi uma experiência de estupro e criei um filho ‘concebido no estupro’. Por isso, sinto-me pessoalmente agredida e insultada toda vez que ouço dizerem que o aborto deve ser legal por causa do estupro e incesto. Sinto que estamos sendo usadas para promover a questão do aborto... Hoje trabalho como conselheira e muitas vezes uma jovem me diz: ‘Mas você não entende! Como você poderia realmente compreender?’ Dou meu testemunho, de como Deus usou até mesmo uma situação de estupro e a transformou para a sua glória”. Hoje o filho de Kathleen é casado e se dedica ao chamado missionário. Ele diz: “Como alguém concebido num estupro, tenho um modo especial de ver a questão do aborto. Se o aborto fosse legal na época em que fui concebido, eu não estaria vivo. Jamais teria tido a chance de amar e de me dar aos outros. Tenho tido oportunidades maravilhosas de dar meu testemunho também. Toda vez que alguém diz: ‘Mas, e nos casos de estupro?’ Tenho a resposta perfeita!”
Um dos testemunhos mais tocantes é o de Myra Wattinger. Ela e o marido haviam se divorciado há pouco tempo e, como seus pais tinham falecido quando ela era adolescente, ela estava sem recursos e não tinha a quem recorrer. Então arranjou um emprego para cuidar de um homem idoso. Certo dia, enquanto estava só na casa, um dos filhos alcoólatra do homem a estuprou. Nessa situação, ela se sentiu abandonada e chegou a pensar que Deus não a amava. Mas, para piorar tudo, ela descobriu que engravidara. Ela não tinha condições de sustentar uma criança e não estava disposta a cuidar de um bebê concebido num ato de tanta humilhação e violência. Ela procurou um médico disposto a fazer seu aborto, mas não encontrou. A solução parecia ser uma só: suicídio.
No exato momento em que essa idéia apareceu, surgiu em seu espírito a necessidade de orar. Ela olhou para o céu e clamou: “Senhor, estou carregando essa criança e não sei o que fazer”. Ela nunca teve certeza se a voz era audível ou não, porém sentiu Deus lhe dizendo: “Tenha o bebê. Ele trará alegria ao mundo”. Essas duas frases dissiparam todos os pensamentos de suicídio e de aborto. Hoje, seu filho, James Robison, é um evangelista com um ministério que tem alcançado e abençoado milhões de pessoas. Sem dúvida, o que Deus disse a Jeremias também se aplica ao evangelista Robison: “Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta” (Jr 1.5, versão RC)
A verdadeira compaixão
Mulheres nessas situações precisam do apoio e compaixão das igrejas, amigos e família para ajudá-las em seu processo de cura dos traumas. O aborto não é uma alternativa compassiva, pois uma criança concebida num estupro também é vítima e tem o mesmo valor humano que um bebê concebido num casamento. Além disso, será que um filho deve sofrer a pena de morte por crimes que o pai cometeu? Não foi a criança quem cometeu o estupro.
Embora a maioria dos ativistas que defendem a legalização do aborto alegue ser contra a pena de morte para assassinos e estupradores, eles não conseguem, porém, poupar dessa mesma pena crianças inocentes concebidas num ato de injustiça. Alegam que a pena de morte é um castigo cruel para os criminosos. Mas, estranhamente, nos casos de mulheres grávidas num estupro, escolhem a morte para a criança inocente. Nem mesmo levam em consideração pelo menos a opção compassiva de deixar a criança nascer para depois entregá-la para a adoção. É de admirar então que os crimes de estupro estejam crescendo tanto? Enquanto o culpado escapa, duas vítimas inocentes ficam para trás para sofrer abuso, humilhação, preconceito e abandono.
Talvez a pior pressão para a vítima seja o “conselho” de médicos e psicólogos que, já endurecidos com o procedimento de eliminar uma criança através do aborto, procuram amortecer os sentimentos da mulher com relação à criança que ela está gerando em seu corpo e levá-la a uma decisão que, a nível emocional e espiritual, só lhe causará perdas e traumas.
A verdadeira atitude de compaixão seria amparar a mulher em sua situação de crise. Lembro-me de que anos atrás uma deputada propôs um projeto para que o governo desse total amparo material e médico às vítimas de estupro que haviam engravidado. Um belo exemplo de uma mulher ajudando outras mulheres. Ela queria que o governo se responsabilizasse pelo cuidado e proteção da vítima-mulher e da vítima-criança. Isso é justiça genuína. Mas então as feministas, que também alegam estar do lado das mulheres, se opuseram totalmente a esse projeto. Por quê? Porque ajudar mulheres em tal situação prejudicaria as intenções de as feministas usarem esses casos para estabelecer e ampliar mecanismos legais, sociais e médicos para o abortamento de crianças concebidas em qualquer situação, justa ou injusta, como ocorre hoje nos EUA e na Europa. Assim, a única opção que elas dão à vítima é abortar ou ficar abandonada. Felizmente, a solução de Jesus Cristo para a vítima não inclui morte nem abandono. Através de muitas igrejas e famílias cristãs compassivas, Jesus está de braços abertos para oferecer a ela acolhimento, amor e assistência.
Conceito bíblico
Provocar intencionalmente um aborto por meios artificiais, por intervenção médica ou pelo uso de drogas, com o objetivo único de evitar o nascimento de um filho não desejado, é um grave pecado diante de Deus. É um assassínio (Êx 20.13). A lei dada a Moisés não apenas protegia a vida de um bebê que estivesse para nascer como também o protegia de um aborto criminoso, pois, se numa briga entre homens, uma mulher grávida viesse a sofrer um acidente fatal para ela ou o filho, então a pena de morte seria aplicado ao causador desse mal. “Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, porém não havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e julgarem os juízes. Mas, se houver morte, então darás vida por vida. Olho por olho, dente, por dente, mão por mão, pé por pé, Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Êx 21.22-25).
Como sabemos, a vida é uma dádiva de Deus. Jó se pronunciou nesse sentido quando declarou: “o Senhor o deu, e o Senhor o tomou” (Jó 1.21). Não podemos dispor da vida ao nosso bel-prazer, mas devemos respeitá-la, reconhecendo que só Deus pode tirá-la. “Porque em ti está o manancial da vida...” (Sl 36.9). “Porque nele vivemos, e nos movemos e existimos” (At 17.28).
A vida de uma criança ainda no útero materno é tão preciosa aos olhos de Deus quanto à vida de uma criança com mais idade: “Cobriste-me no ventre de minha mãe. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Sl 139.13-16).
Se alguém viesse a matar intencionalmente um ser humano, mesmo no ventre materno, certamente estaria praticando um pecado grave aos olhos de Deus. “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gn 9.6).
“E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele” (1Jo 3.15). Por fim, a Bíblia declara que os filhos são bênçãos de Deus: “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão” (Sl 127.3).
A ciência médica mostra claramente que a vida começa na concepção. Considere os seguintes fatos:
Fertilização: O espermatozóide do pai penetra o óvulo da mãe. As instruções genéticas dos dois combinam para formar uma nova vida individual, única, dificilmente visível ao olho humano.
Com 20 dias de gestação os olhos do bebê começam se formar e o cérebro, a coluna vertebral e o sistema nervoso estão completos.
Com 24 dias O CORAÇÃO COMEÇA A BATER.
Com 43 dias AS ONDAS CEREBRAIS DO BEBÊ PODEM SER REGISTRADAS.
Com dois meses o bebê tem aproximadamente sete centímetros de comprimento e pesa sete gramas. Todos os órgãos estão presentes, completos e funcionando (exceto os pulmões). As batidas cardíacas são fortes. O estômago produz sucos digestivos. O fígado produz células sanguíneas. Os rins estão funcionando. As impressões digitais estão gravadas. As pálpebras e as palmas das mãos são sensíveis ao toque. O estímulo com batidas leves no saco amniótico faz mexer os braços do bebê.
“Procure salvar quem está sendo arrastado para a morte. Você pode dizer que o problema não é seu, mas Deus conhece o seu coração e sabe os seus motivos. Ele pagará de acordo com o que cada um fizer” (Pv 24.11-12, BLH).

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O SUICÍDIO.

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I. A DEPRESSÃO E O SUICÍDIO
Quando grave, a depressão, mal que atinge muitas pessoas atualmente, é responsável por 15% dos suicídios, segundo o professor e doutor Francisco Lotufo Neto. De acordo com sua teoria, os sinais de alerta das pessoas propensas a tirar a própria vida são os seguintes: 1º) Falam a respeito do suicídio; 2º) Sentem depressão; 3º) Têm um passado de tentativas frustradas; 4º) Procuram se despedir de quem gostam (isto é, visitam parentes e amigos, doam objetos de que gostam muito); e 5º) Apresentam mudanças abruptas de comportamento, ou seja, estão muito deprimidas e, de repente, ficam bem.
Várias pessoas, no auge de suas angústias, nos declaram que seria muito melhor para elas se morressem, e ficam pensando horas sobre isto. E, em suas fantasias suicidas, procuram as melhores saídas para que possam pôr em prática seus pensamentos mórbidos de morte. Diante delas, as seguintes possibilidades se apresentam: os precipícios, as estradas, os rios, os galhos de uma árvore, uma arma, entre outras opções.

as causas que podem levar uma pessoa ao suicídio são muitas, tais como: ansiedade, depressão, alcoolismo, drogas, separação conjugal, fracasso financeiro ou no relacionamento amoroso, problemas sexuais, rejeição, traição, insegurança, timidez, problemas de saúde, entre outras, pois a lista pode ser imensa. O grupo de risco, em sua maioria, é formado por homens da meia-idade, por se sentirem sozinhos, com problemas financeiros e deprimidos. Geralmente, as mulheres jovens tentam o suicídio quando passam por problemas de ordem conjugal, principalmente se houver rompimento na relação.
O SUICÍDIO OCORRE QUANDO A ESPERANÇA ACABA.
Detectar um suicida pode até parecer simples, mas ouvi-los e ajudá-los não é tão simples assim, porque muitas vezes a própria pessoa não sabe como pedir ajuda, embora necessite dela. Então, sente-se sozinha, sem esperança. A desesperança é um processo cognitivo, isto é, acontece dentro de nós. É quando vemos as coisas de maneira errada, como se a nossa lente estivesse embaçada. Em seu livro As máscaras da melancolia, John White cita que, após ter escutado vários pacientes, chegou à conclusão de que um pensamento perturbado é o resultado, e não a causa, de emoções perturbadas. Devemos agir com cautela com as pessoas suicidas, para que possamos impedi-las de cometer a ação. Mas, se não estivermos atentos, não iremos conseguir essa proeza. Por que precisamos ficar atentos? Porque, segundo o Dr. Lotufo, as pessoas com tendência suicida gostam de conversar a respeito. Por isso a necessidade de considerar a seriedade com que estão conduzindo o assunto, à maneira como estão planejando o ato.
Uma das formas de se fazer isso, ou seja, ficar atento às atitudes e procedimentos das pessoas com essa tendência (leia-se fraqueza) é reparar se estão comprando remédios em demasia, possuem armas de fogo ou prestes a comprar uma. Quando o suicida encontra ajuda e apoio, uma vida é salva. Um dos indicadores de que alguém está para cometer suicídio é a sua maneira de falar. Se alguém lhe diz, em voz baixa, quase sussurrando, que não tem mais esperanças, que não há mais jeito para ele, que lhe falta paz, leve-o a sério, considere suas palavras.
A pessoa prestes a cometer suicídio se torna agressiva, ameaçadora. Caso você, caro leitor, se depare com uma pessoa com essas características, e não se sente preparado para lidar com a situação, procure ajuda imediatamente, pois alguém pode morrer a qualquer momento.
Uma vez detectado, o suicida deve ser ouvido com delicadeza, compreensão, franqueza e cortesia. O zelo excessivo e o medo devem ser substituídos por outros sentimentos e atos, como, por exemplo, compreensão. O melhor método para evitar que uma pessoa cometa suicídio é ajudá-la, imediatamente, a sair da depressão em que se encontra.
Um psiquiatra observou que a grande maioria das pessoas que cometem suicídio não o faria se tivesse esperado vinte e quatro horas. Tal observação, no entanto, não passa de uma suposição baseada em numerosas entrevistas com pessoas que tentaram o suicídio mas falharam e, conseqüentemente, conseguiram se reestruturar emocionalmente.

II. O SUICÍDIO NA BÍBLIA
No Antigo Testamento, temos apenas três casos de suicídio. A saber. O rei Saul, ao ser derrotado na batalha, temendo ser ridicularizado e torturado por seus inimigos, jogou-se contra a ponta de sua própria espada, e seu escudeiro, vendo isso, seguiu o exemplo de seu senhor, morrendo ao seu lado (1Sm 31.4-6). Aitofel enforcou-se em casa. Vejamos o motivo: “Vendo, pois, Aitofel que se não tinha seguido o seu conselho, albardou o jumento, e levantou-se, e foi para sua casa e para a sua cidade, e deu ordem à sua casa, e se enforcou e morreu, e foi sepultado na sepultura de seu pai” (2Sm 17.23). O quarto exemplo não pode ser considerado suicídio qualificado. Estamos falando de Sansão, que causou a própria morte ao provocar um colapso no templo onde os filisteus estavam realizando uma grande comemoração. Na ocasião, três mil pessoas morreram. (Ver Juízes 16.30).

No Novo Testamento, temos o famigerado caso de Judas Iscariotes, o traidor, que se enforcou depois de haver jogado as trinta moedas de prata sobre o pavimento do templo diante do sumo sacerdote e dos anciões (Mt 27.3-5). Um dos textos bíblicos que nos chamam a atenção sobre essa atitude de Judas foi registrado por Lucas quando menciona que alguns dias antes de suicidar-se Satanás entrara em Judas Iscariotes: “Entrou, porém, Satanás em Judas...” (Lc 22.3). O que nos leva a entender que o suicídio também pode ocorrer por possessão ou, no mínimo, por uma poderosa influência do diabo sobre os filhos da desobediência.
A POLÊMICA EM TORNO DO ASSUNTO
Em seu livro Comprehensive Texbook of Psychiatry (Manual Geral de Psiquiatria), Schenidman apresenta, no capítulo que discorre sobre o suicídio, uma série de contrastes entre as fábulas e os fatos em torno deste assunto: “... a profunda fé religiosa torna o suicídio impossível”.
Refutação do fato: “o desespero e o sentimento de inutilidade que acompanham a grave doença depressiva podem solapar a fé”.
E continua ele: “Pacientes piedosos já me olharam nos olhos e me disseram, cheios de desespero: ‘Minha fé acabou’. Tal é a vulnerabilidade de nossos corpos e cérebro perante as pequeninas alterações químicas, e tão delicado é o equilíbrio entre a loucura e a sanidade, que o mais forte dos cristãos pode se tornar vítima do suicídio”.
E John White, por sua vez, em As máscaras da melancolia, é da opinião que ”Num momento desses, não é de fé que precisam, mas da assistência de pessoas competentes e cheias de fé, para que as vigiem até que o devido equilíbrio de suas mentes seja restaurado e, com ele, a fé que achavam ter perdido”.
E então, inevitavelmente, a pergunta que não quer calar é a seguinte:

PODE UM CRISTÃO PIEDOSO, EM PLENA COMUNHÃO COM DEUS, COMETER SUICÍDIO?
Não podemos ignorar o fato de que não somos super-homens ou supermulheres, supercrentes, descartando a possibilidade de que a ajuda humana nos é necessária em nossas angústias, de que precisamos do auxílio de um conselheiro cristão capacitado e preparado para tratar com pessoas nesta situação. Diz a Bíblia, em Romanos 12.13: “Comunicai com os santos nas suas necessidades...”. O nosso cérebro recebe informações e o nosso comportamento é o resultado daquilo que sentimos.
Não podemos, também, ignorar o fato de que Deus é poderoso (Todo-Poderoso). E, ainda que fragilizados, a ponto de não percebermos o agir de Deus em nossas vidas, cremos que o crente fiel ao Senhor e a Sua Palavra, é sustentado em suas grandes adversidades, como aconteceu com o patriarca Jó. Deus não nos prova além das nossas forças! “Não veio sobre vos tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixara tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também escape, para que a possais suportar”. Veja também o que diz Tiago: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tg 1.13).

Encontramos, na Bíblia, várias pessoas que escreveram a respeito de sentimentos como a tristeza: “O meu espírito se vai consumindo, os meus dias se vão se apagando, e só tenho perante mim a sepultura” (Jó 17.1). O salmista disse: “Estou encurvado, estou muito abatido, ando lamentando todo o dia” (Sl 38.6). O próprio apóstolo Paulo, por várias vezes, relata como ele se sentia a respeito do seu sofrimento: “Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração” (Rm 9.2). Jesus também falou a respeito de seus sentimentos: “A minha está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo" (Mt. 26.38). O profeta Elias, em 1 Reis 19.4, fala de sua amargura e interesse pela morte: “...Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais.” E Jonas, o profeta de Deus, disse: “Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver” (Jn 4.3). é importante entendermos o quanto é diferente o sentimento desses homens piedosos das narrativas bíblicas do desejo especifico que os suicidas sentem em tirar a própria vida.
Em outras palavras, uma coisa é num momento extremo de angustia, como no caso do patriarca Jó, alguém desejar morrer. Outra coisa, totalmente diferente é o impulso doentio de alguém que deseja matar-se. Veja que os heróis da fé sempre apelaram para que Deus, o doador da vida, lhes permitisse morrer, que o próprio Senhor interrompesse o fôlego de vida deles, pois somente assim poderiam estar com Ele: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer a sepultura e faz tornar a subir dela” (ISm 2.6).
O suicídio é obra do diabo. Cristo veio para trazer vida, e vida em abundancia, como nos testemunhar as Escrituras Sagradas.E, partindo deste principio, toda e qualquer atitude que infrinja a lei divina quanto à valorização da vida é condenável. O suicídio é um assunto extremamente delicado, cercado por tantos tabus que difícil e raramente encontramos alguém falando a respeito. Nunca levamos aos nossos púlpitos sermões tendo o suicídio como titulo e não conhecemos quase nenhuma literatura evangélica que fale sobre este tema tão polemico.
Mas, se formos honestos e justos, não precisamos de muitos estudos bíblicos para condenarmos esse ato. Até mesmo os filósofos ateus, como Sartre, por exemplo, afirmam que o suicídio é errado por ser uma atitude que destrói todos os atos futuros de liberdade. Que é uma prática tão irracional que lhe falta verdadeira base lógica. Agostinho, considerado um dos maiores teólogos do Cristianismo, depois do apóstolo Paulo: “O suicídio é o fracasso da coragem”. Ou, conforme o dr. Norman L. Geisler, um dos maiores apologistas da atualidade, “até mesmo a eutanásia, uma forma de dar cabo a própria vida, é uma contradição em termos bíblicos, porque o ato final ‘contra sim mesmo’ não pode ser, ao mesmo tempo um ato ‘em prol de si mesmo’”. E se a base do amor ao próximo é amar a si mesmo, não amar-se é a base do ódio e da vingança contra o semelhante, o que viola o segundo grande mandamento (Mc 12.31).

III. CONSIDERANDO JESUS E OS PRINCÍPIOS BÍBLICOS
“Sabei que o SENHOR é Deus; foi Ele que nos fez, de não nós a si mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto” (Sl 100.3).Considerando que não somos de nós mesmos, mas de Deus, por termos sido criados por Ele, a iniciativa de uma pessoa de tirar a própria via significa que ela está-se colocando acima de Deus e agindo com autoridade maior que a do Senhor, o autor da vida.
O Homem foi criado a imagem e semelhança de Deus; destruiu o próprio corpo é desonrar o Criador. Paulo disse: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19). Deus é o doador da vida, presente e futura. (Ver Gn 1.26-27; Sl 8.5; 24.1; Jo 1.3; 3.16; 10.10;11.25-26). É o Senhor que tem estabelecido as normas de conduta para a nossa vida presente e para toda a eternidade.

Nem mesmo o amor pela vida nem o desejo de suicídio devem ser colocados acima da vontade de Deus. Quando alguém age independentemente de Deus, está-se colocando no lugar dele. A primeira epístola de João 5.21 declara: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”. Alguém pode perguntar: ”O que acontece com aqueles que cometem suicídio?”. Ou, “Um suicida pode ser salvo?”. A resposta levará em consideração a Sagrada Escritura. A orientação bíblica é que aqueles que cometem o suicídio violam o sexto mandamento. As pessoas que dão fim à própria vida fazem isso por várias razoes. Somente o Senhor Deus sabe a complexidade de pensamentos que passa na mente do individuo no momento do suicídio. Por isso, baseamos o nosso entendimento na Bíblia Sagrada. Devemos considerar o texto de Êxodo 20.3, que diz “Não matarás”. O suicídio nada mais é do que um auto-assassinio, atitude que contraria esse mandamento. 
“Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem” (Gn 9.5).

Matheus Henry comenta: “O homem não deve dar fim à própria vida... Nossas vidas não nos pertencem, mas pertencem a Deus. Cristo, nosso Salvador e Rei, nosso Mestre e nosso exemplo em todas as coisas, foi tentado, ate como homem mortal”. “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nos, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15). “Levou-o também a Jerusalém, e pó-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu es o Filho de Deus, Lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem, e que te sustenham nas mãos para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra” (Lc 4.9-11). A resposta de Jesus foi pronta: “Não tentarás ao Senhor teu Deus” (Lc 4.12).
Rus Walton, pesquisador cristão e ex-secretário do Desenvolvimento do governo de Ronald Regan, não considera o suicídio um problema de patologia. Ou seja, não se trata de um problema da mente, mas, sim, de enfermidade da alma: “Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa as, senão feridas e inchaços e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo” (Is 1.5-6). Essa enfermidade Jesus Cristo pode curar. O pecado e a fonte das inclinações suicidas. Quando a alma está sem Cristo, a mente e corrupta, perdida. As pessoas sem Cristo estão envolvidas em caminhos que parecem direitos, mas que, por fim, conduzem a morte.
É Jesus Cristo quem sara o coração quebrantado e poe em liberdade os oprimidos: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois... enviou-me a curar os quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos” (Lc 4.18-19).

Algumas pessoas se deixam levar pelo seguinte questionamento: “Se Cristo morreu por nos para nos assegurar o perdão dos pecados (1Pe 2.24) e nos reconciliar com Deus (Rm 5.1), não teria sido a morte de Cristo em nosso favor um suicídio altruísta?”. De forma nenhuma. Jesus declarou que ninguém poderia tirar a vida dele. O próprio Jesus tinha o poder de dá-la e também de retomá-la. João 10.17-18 diz “Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la”. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la.
SOMENTE JESUS OFERECE DESCANSO E PAZ VERDADEIROS.
Existe alivio, descanso, refugio, para o coração pesado e a alma desesperada: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vos o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11.28-29).

Cristo é a única solução para as pessoas que pensam em cometer suicídio. Consideremos o que diz o apostolo Paulo: “Porque não quero irmãos que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que o podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. Mas já em nos mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos; o qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda” (2Co 1.8-10). Jesus é o Senhor da vida.
“Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. (Jo 1.4).
“... assim também o Filho vivifica aqueles que quer” (Jo 5.21).
“Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho” (1Jo 5.11).
“Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1Jo 5.12).

Diante de textos tão contundentes, não podemos, como Igreja de Deus, fechar os olhos para as pessoas que enfrentam tão grave problema como o suicídio. Às vezes, tais pessoas estão dentro de nossas próprias congregações e não incomum, são líderes e até pastores.. Como cristãos, conhecemos o poder vivificador do Filho de Deus (Jesus, o Cristo), portanto devemos criar grupos capazes de ajudar aqueles que estejam passando por esse dilema. Devemos identificar cristãos que Deus dotou de capacitação e contribuir para sua formação como "conselheiros cristãos", e sem dúvida alguma, precisamos novamente valorizar o "aconselhamento pastoral" que já ajudou e ajuda muitos irmãos quando passam por graves problemas emocionais e espirituais. Devemos orar e nos capacitar para que possamos ajudar essas pessoas. Devemos, ainda, ser solidários e desenvolver o caráter de Cristo em nossas vidas, pois somente assim estaremos livres de tão grande risco. Através do Fruto do Espírito Santo poderemos apoiar e ajudar as pessoas para que vivam os benefícios de Cristo nas suas vidas...
“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardara os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais,irmãos, tudo o que e verdadeiro, tudo o que e honesto, tudo o que e justo, tudo o que e puro, tudo o que e amável, tudo o que e de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fl 4.7-8).
Somente assim conseguiremos manter a nossa mente guardada em Cristo!
Por fim, afirmo com segurança e convicção que Deus cura as feridas da alma humana. E mais, somente Ele tem poder para isso. 
Se passa por problemas e/ou depressão que lhe fazem pensar no suicídio, busque ajuda entre seus irmãos, busque um conselheiro cristão para lhe aconselhar biblicamente e lhe conduzir as ricas pastagens onde encontrará descanso, alívio e direção para sua vida. Se conhece alguém que esteja passando por estas situações, vá ajudar objetivamente, se não sabe o que fazer, encaminhe esta pessoa a um aconselhamento pastoral, a um conselheiro idôneo e temente a Deus. 
Deus cura a alma abatida e ferida! Há sim solução em Cristo para estas pessoas! 
Deus nos abençoe. 

Bibliografia utilizada e consultada.
• Bíblia - Almeida Revista e Atualizada - Bíblia de Estudo de Genebra.
• Suicídio: testemunhos de adeus. Maria Luíza, Editora Brasiliense, 1991
• O Deus selvagem. Alvarez A; Companhia das Letras, 1999.
• As máscaras da Melancolia: White, John, ABU - 1995.
- Suicídio - De quem é a vida, afinal? Souza, Rosemeire Lopes.- ICP.
- Comprehensive Texbook of Psychiatry. Schenidman.


O ESTADO É LAICO, GRAÇAS A DEUS.

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ESTADO LAICO: DEFINIÇÃO E SURGIMENTO


O desenvolvimento do conceito de Estado laico como fato moderno depende fundamentalmente do cristianismo. Ele tem suas raízes especialmente no movimento reformado do século XVI e XVII. O reformador João Calvino, por exemplo, afirmava a distinção entre reino espiritual e reino político da seguinte forma: “Temos que considerar cada uma dessas coisas em si, segundo as distinguimos: com independência uma da outra”.[1] Para Calvino, há leis específicas que regem cada uma dessas áreas; cada um desses reinos é constituído por Deus para governar aspectos distintos da vida.
Naquela época, o poder papal mantinha um duplo mandato, político e religioso. Foram os reformadores que efetivamente colocaram em xeque essa união. Compreendiam que Deus é soberano sobre os dois mandatos, mas ambos são distintos por lidarem com aspectos diferentes da sociedade.
Além disso, o movimento reformado foi fundamental para a formação futura das democracias republicanas modernas, como, por exemplo, a Inglaterra e os Estados Unidos. Visto que um governo totalitário busca unir as duas esferas de poder (espiritual e política), transformando o Estado em religião, a separação desses poderes é um dos grandes empecilhos para o totalitarismo. Por causa disso, o cristianismo sempre será um grande inimigo das ditaduras e dos governos totalitários.
O Brasil é um país de grande maioria cristã. A nossa constituição reconhece isso quando afirma que ela foi promulgada “sob a proteção de Deus”. Essa expressão tem grande fundamento histórico, mas é preciso reconhecer que há uma explicação teológico-filosófica por trás dela.
Foram justamente os adoradores do Deus cristão que asseguraram as liberdades elencadas na constituição. Somente em uma sociedade influenciada por uma cosmovisão que acredita em um Deus pessoal, triúno e distinto da natureza é possível vislumbrar os aspectos morais absolutos que regem essa sociedade, independente da relação direta com esse Deus.
Em outras palavras, os conceitos de dignidade da vida, democracia e laicidade que conhecemos estão amparados pela noção de uma humanidade criada com dignidade inerente, moralmente livre e plural. Não é necessário acreditar no Deus cristão para ser beneficiado por essa sociedade, mas uma vez que seus fundamentos basilares são retirados, a consequência será a sua ruína.
Por isso, com exatidão, definiu o ilustríssimo jurista Dr. Ives Gandra Martins: “Estado laico é aquele em que as instituições religiosas e políticas estão separadas, mas não é um Estado em que só quem não tem religião tem o direito de se manifestar. Não é um Estado em que qualquer manifestação religiosa deva ser combatida, para não ferir suscetibilidades de quem não acredita em Deus.” [2]

LAICISMO VS. ESTADO LAICO
Em seu livro Imaginação Totalitária, o filósofo Francisco Razzo trata da imaginação totalitária como tendo o seu ápice no desejo último de “glorificar o poder do Estado como detentor do monopólio não do uso legítimo da violência, mas do monopólio simbólico da verdade absoluta e da imortalidade, portanto, da experiência última da ordem final e, consequentemente, da decisão de vida e a morte”.[3]
A origem disso está na crença da autonomia da razão, que pressupõe ser ela capaz de dar conta da realidade com neutralidade e independência das crenças religiosas.[4] Essa suposta razão terá o Estado como manifestação máxima e, consequentemente, o Estado será a expressão mais elevada da sociedade. Ele será o único capaz de proporcionar ao indivíduo as suas liberdades, devendo assim, intervir na família, relações comerciais, educação e outras instituições, como o critério (supostamente) racional que dá significado e coerência ao todo da sociedade.[5]
É exatamente isso que ocorre no chamado laicismo, quando a religião é relegada à vida privada e o Estado não só não é religioso, mas também deve coibir as manifestações públicas religiosas. A importância da religião é definida pelo indivíduo em sua vida privada, enquanto que, para o Estado, é tratada negativamente, portanto não tem espaço público. Esse laicismo, herdado pelo Iluminismo e Revolução Francesa, pais de todos os governos totalitários da modernidade, é aplicado na França.

BRASIL E ESTADO LAICO
No Brasil, por outro lado, se reconhece o valor da religião para o indivíduo e para a própria fundação do Estado. Não é à toa que símbolos cristãos podem ser encontrados em repartições públicas, num reconhecimento de que o Estado brasileiro é devedor da religião cristã. Nada disso afeta a laicidade adotada pelo Brasil, pois a manifestação religiosa não é somente um direito do cidadão, como também é um aspecto da humanidade.
Isso pode ser atestado com o artigo 19 da Constituição. Esse artigo salvaguarda o direito ao culto, ainda que esclareça que o culto nunca deve ser estatal. De outra sorte, o Estado poderá, quando achar por bem, ter uma aliança de colaboração com os grupos religiosos para o interesse público. Isso significa que as igrejas podem ser ouvidas para ajudar o Estado a administrar determinadas áreas.
Essa “humildade” estatal é fundamental para a distinção entre Estado e Igreja. Isso porque o Estado não estaria se sobrepondo sobre as instituições eclesiásticas, as famílias, as relações comerciais, etc. O Estado é, ao invés disso, uma esfera de soberania distinta (para usar o conceito do pastor holandês Abraham Kuyper), administrada por leis próprias, tal como outras instituições.

A recente discussão sobre a oração incluída no primeiro ato de pronunciamento do presidente eleito Jair Messias Bolsonaro[6] precisa levar em consideração a liberdade religiosa e de manifestação, mesmo de uma figura pública. A oração em nada afeta a laicidade do Estado; pelo contrário, a garante. Ao demonstrar que ele, o presidente eleito, está submisso a Deus e comprometido com a verdade da sua Palavra, Bolsonaro faz menção ao seu compromisso com a democracia, a justiça e o bem-estar do cidadão. Por meio da oração, o presidente eleito está definindo o Estado como uma das instituições da sociedade, mas não a mais importante.

[1] CALVINO, João. Institutas. 3.XIX.15.
[3] RAZZO, Francisco. Imaginação Totalitária: Os Perigos da Política como Esperança. São Paulo: Record, 2016, p. 241.
[4] Para ver a refutação desta crença veja DOOYEWEERD, Herman. Crepúsculo do Pensamento Ocidental. Brasília: Monergismo, 2018.
[5] Veja mais sobre isso em DOOYEWEERD, Herman. Estado e Soberania: Ensaios sobre Cristianismo e Política. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 39-96.

Autor do artigo: Ronaldo Vasconcelos
Fonte: Blog Voltemos ao Evangelho.